James Glickenhaus: "o que eu teria feito diferente"

Ele foi produtor de cinema. Entrou no mundo dos negócios de Wall Street. Possui uma garagem repleta de joias automotivas, entre elas, a única Ferrari P4/5 construída.

James Glickenhaus, agora, quer construir seus próprios carros. Ele concedeu entrevista à revista Car And Driver.
James Glickenhaus Ferrari P4/5
Como se tornou apaixonado por carros?

Sempre gostei de mecânica, desde que eu era jovem. A concessionária da Ferrari de Luigi Chinetti ficava a vinte quilômetros da casa de meus pais, em New Rochelle, New York. Pegava minha bicicleta e saía de casa rumo à concessionária. O dono me deixava entrar nos carros e girar seus volantes de direção. Foi uma época mágica para mim. Eu me lembro que Chinetti comprava Ferraris e as enchia de buracos na carroceria, a fim de deixá-las mais leves. Sempre sonhei em dirigir carros de corrida nas vias públicas. O sonho de Chinetti era que eu pagasse a ele para que ele pudesse correr em Le Mans. Ele tinha uma Ferrari 512 S, e queria vendê-la para mim por vinte mil dólares, com um ingresso a Le Mans, para que pudesse dar umas voltas. Eu era esperto o suficiente para perceber que não era uma grande ideia.

Como começou a colecionar carros?

Quando eu era jovem, escrevi e dirigi um filme de ação, "The Exterminator". Foi bem sucedido financeiramente, e eu dei o dinheiro a meu pai, que o investiu. Daquele tempo em diante, tinha liberdade financeira, e comecei a colecionar carros, mais precisamente, carros de corrida que eu pudesse dirigir nas ruas. O primeiro foi um Lola T70 Can-Am, que foi da Donohue-Penske e venceu várias corridas. Comprei uma carroceria coupé da Lola e converti várias coisas para torná-lo apto para circular em vias públicas. Andei com este carro por cem mil quilômetros. Ainda tenho este carro.

O senhor também dirigiu seu Ford GT40 Mark IV nas ruas.

Exatamente. O segundo que comprei, quando o mercado entrou em colapso, no final dos anos 1980 e início dos 1990. Tenho este Ford e mais duas Ferraris, todos correram as 24 Horas de Le Mans em 1967.

Seu pai, Seth Glickenhaus, completou cem anos e trabalhou até os 98. O que aprendeu com ele?

Várias coisas. Entre elas, que a vida é curta. Bom, não exatamente para ele.

Seu pai foi um lendário negociante em Wall Street. O senhor se considera um empresário automotivo?

Não. É muito importante manter sua paixão separada dos seus negócios. Nunca comprei um carro pensando em revendê-lo. Não vendo um carro desde 1972. O último que vendi foi uma Ferrari 275 GTB, para comprar outro. Como construo capital de investimentos, não tenho que vender carros.
Ferrari P4/5 Competizione Nürburgring Nordschleife
A sua Ferrari P4/5 Competizione venceu o FIA World Championship na classe de carros híbridos após vencer as 24 Hours of Nürburgring 2012 em sua classe. Acha que está pronto para entrar no ramo de hipercarros híbridos, como McLaren, Porsche e Ferrari?

Então, depois daquela corrida, dissemos: "uau, agora vamos desafiar um P1, 918 ou LaFerrari, é fantástico". Publicamente o desafiamos para correr em Nürburgring com seus carros. Os organizadores responderam: "sem problemas, adoraríamos ver estes caras correrem contra você". A Ferrari marcou o tempo mais rápido de volta em Nordschleife com um carro da marca, 6 minutos e 58 segundos, usando a LaFerrari, mais rápido até que sua 599XX. Fomos sete segundos mais rápido. O Porsche 918 marcou 6:57 e alguma coisa. Já a McLaren não anunciou seu tempo de volta. São fantásticos carros de rua, que poderiam ser transformados em carros de corrida, mas ninguém respondeu a meu desafio.

Então o senhor está construindo seu próprio carro...

Estamos, sim, criando nosso chassis e carroceria, usando fibra de carbono, e adquirindo transmissões da Hewland. A pendência está sendo o motor, talvez um maravilhoso 3.5 V6 biturbo.

E nome deste carro é...

SCG 003C, por enquanto. É a sigla para Scuderia Cameron Glickenhaus, e o número significa a unidade de qualquer carro construído por nós até hoje. O Lola foi o primeiro que pus a mão. Depois, foi a Ferrari P4/5 Compe­tizione. Em 2015, iremos até o Salão de Genebra e mostraremos o carro, exibindo suas partes customizáveis, como o aerofólio traseiro de competição e sua versão para as vias públicas.

Há alguma coisa em sua vida que teria feito diferente?

Não teria vendido minha Ferrari 275 GTB. Vi muitas coisas maravilhosas. Encontrei-me com muitas pessoas interessantes, e tenho uma grande esposa há mais de quarenta anos. Sou um garoto feliz.

O texto original pode ser conferido clicando aqui.

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