Adrian Reynard: "o que eu teria feito diferente"

Adrian ReynardProjetista de centenas de carros de corrida, inclusive os que dominaram a Fórmula Indy nos anos 1990, Adrian Reynard concedeu entrevista à revista Car And Driver, onde falou que está construindo carros para si mesmo e está aguardando o momento de colocá-los a andar.

O senhor construiu um carro de corrida no seu projeto final de curso, mesmo após o conselho dos seus professores da Universidade de Oxford de não fazer isso...

Eu queria muito projetar um Fórmula Ford. Eles disseram "não". Fi-lo mesmo assim. Não ganhei notas boas, mas venci uma prova com o carro em Silverstone.

Então, Bill Stone, mecânico do carro, sugeriu que eu fundasse o que se tornaria a Reynard Motorsport. Tinha 22 anos na ocasião.


Os primeiros carros foram para o senhor mesmo?

Fiz um para mim mesmo, um para outro piloto, e outro para vender. Em 1978, venci minha primeira prova e o campeonato de Fórmula 2000.

Estava desenhando, fazendo propaganda, correndo e construindo. Isso me desgastou. Saí das pistas, como piloto, em 1979. Nunca mais pilotei um carro até 2009.


Como foi ser engenheiro-chefe da March em 1982?

Estava na Fórmula 1, mas adivinha quantas pessoas estavam naquele departamento? Duas! Tinha 30 anos. O carro de Fórmula 1, depois, foi convertido para um Fórmula Indy, onde fez sucesso.

Por anos, carros da Reynard lotaram os grids da Fórmula 3000.

Sim, isso foi no final dos anos 1980 e início da década de 1990. Ganhamos sete títulos, e também conquistamos a Fórmula Nippon. Fizemos muito dinheiro.

Então foi para a Indy?

Antes, construí um carro para a Fórmula Atlantic. Chamei este período de "ano da espionagem", pois dei uma olhada bem de perto na situação da IndyCar Series.

Depois, fui para a Chip Ganassi e disse: "estou construindo um carro para a categoria". O dono da equipe disse: "compro doze". Encantei-me com ele logo de cara.

Vencemos a primeira prova em 1994, com Michael Andretti ao volante. Chip não teve problemas ao revender os carros, já que eles foram vencedores de 1995 a 2001.


O senhor comprou recentemente um carro de track days chamado "Inverter".

Só para meu deleite. Isto é o que chamamos de um esportivo com motor de Suzuki Hayabusa. Consegui duas poles e uma vitória. Vendi alguns exemplares.

Parece que sua única falha foi o carro de Fórmula 1 da BAR (British American Racing), em 1999...

Trabalhar com a British American Tobacco foi confuso e problemático. Saí de uma cultura onde eu controlava tudo para chegar em um local completamente diferente. Talvez deveria ter sido mais político, mas meu mote é "fazer somente o necessário".

Um dia, a Honda chegou e comprou a equipe, trazendo Ross Brawn junto com ela. Mais tarde, ele fez um trabalho fantástico com o mesmo equipamento, mas com um motor diferente. Tire suas próprias conclusões.


Hoje, os carros da Fórmula Indy possuem rodas traseiras cobertas. Já se perguntou se os carros com rodas exportas ainda são relevantes?

Fiz essa mesma questão anos atrás. É um momento histórico.

Voar e navegar são seus hobbies?

Peguei meu brevê para helicópteros e aviões em 1983. Eventualmente, voava em jatos Citation. Também adquiri experiência em iates comerciais. Naveguei pelo Oceano Atlântico ano passado em meu catamarã.

Richard Branson é um amigo próximo?

Fomos vizinhos em Oxfordshire. Richard acordava de madrugada, fazia barulho, chegou a me incomodar. Quando ele falou sobre carros de corrida, tentei dissuadi-lo. Fiz bancos de fibra de carbono para seus aviões Boeing e Airbus.

O que o senhor pensa sobre ser um "fundador" da Virgin Galactic, de Richard Branson?

Só Richard poderia ter a ideia de colocar seis pessoas num foguete e lançá-los no espaço. Eu estava numa ilha e assinei um cheque pagando a oportunidade ser o primeiro. Seis meses depois, Branson falou que perdeu o cheque. De qualquer modo, voarei para além da biosfera.

Além do Inverter, que projetos tem para o futuro?

Teria que ser com a energia de alguém. O que eu gosto hoje em dia é trabalhar em túneis de vento, o que exige muito investimento. Redução de arrasto aerodinâmico é importantíssimo hoje em dia.

É muito fácil obter ganhos de 15% em um sedã familiar. Em caminhões grandes, mais de 20%.


Tem alguma coisa em sua carreira que o senhor gostaria de ter feito diferente?

Lamentações são apenas blocos de construção em um processo de aprendizagem. Mas, sim, eu realmente lamento, em 2001, que eu não pude manter a Reynard Motorsport funcionando. Tomamos decisões tardiamente. Compramos a Riley & Scott, o que tomou todo o nosso dinheiro.

Depois do "11 de setembro", ninguém queria comprar mais carros da Fórmula Indy, e estávamos totalmente focados no mercado americano. Lamento que um monte de pessoas perderam seus empregos.


O texto original pode ser conferido clicando aqui.

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