Meu pai tinha um Bentley 4.5 litros e ele levava a família para eventos com aquele carro. Íamos a Silverstone, tirávamos todo o peso extra do carro, colocávamos apêndices aerodinâmicos, e ele ia participar da corrida. Mais tarde, desfazíamos as alterações e íamos para casa.
O senhor iniciou sua carreira nos carros antigos e progrediu para Le Mans. Como foi este processo?
Não consigo explicar nem entender isto. Meu pai nunca me encorajou, pois ele achava que era uma terrível responsabilidade deixar os filhos participarem de corridas. Tinha uma ideia de longa data de competir com carros modernos, e me convidaram para participar das 24 Horas de Le Mans em 1979. Achava que era um pouco cedo, mas aceitei o convite. Terminamos em segundo na nossa classe e vencemos o Index Of Performance, embora minha carreira tenha declinado horrivelmente daquele momento.
Como integrante da banda Pink Floyd, o senhor conseguiu o dinheiro necessário para colecionar carros históricos. O senhor sequer chegou a pensar que valeria a pena tantos gastos com isto?
Nunca colecionei carros com o objetivo de lucrar com eles. Queria competir, então escolhi os carros com os quais correria. Gosto da Ferrari 250 GTO. Comprei-a porque nela havia tudo que eu gostaria que tivesse em um carro.
Era exorbitante, mas GTOs sempre foram caras. Eu penso que todos que compraram uma nos últimos 50 anos teve que fazer um esforço tremendo, não importa se o comprador fosse um bilionário. Não é nem a questão de se ele pode pagar, é que todos vão pensar que ele é um lunático.
Uma despesa de oito dígitos torna mais difícil usá-la em corridas, claro.
Sim. Quase todos que competem usando um carro clássico como este usam outro motor, não o original, e possuem muitas peças de reposição. Outro problema é que eu realmente não quero levar minha Ferrari 250 GTO para Goodwood e terminar a corrida em décimo ou décimo-segundo porque os outros carros foram modificados para serem três ou quatro segundos por volta mais rápidos em comparação à época em que eram novos.
Por que a Ferrari exerce uma poderosa influência sobre os músicos? Chris Rea e Eric Clapton são também aficionados pela marca.
Não sou um fanático. Muitos dos meus carros favoritos não são Ferraris. Meu favorito de todos é provavelmente o Maserati Birdcage. Comprar uma Ferrari é como comprar um vinho Château Pétrus. É uma escolha segura. Sou muito mais de uma galdéria que Chris ou Eric. Adoro o McLaren F1. É um carro brilhante, e estou certo de que Eric não considera colocar algo como este carro em sua garagem.
O senhor vende carros para criar espaço. É difícil dizer adeus para cada carro que sai da sua garagem?
Muito difícil. É como se despedir de seus filhos. Atualmente é mais difícil. Vendi um Alfa Romeo 8C, coisa que nunca deveria ter feito, mas precisava do dinheiro para pagar impostos. Hoje, preferiria ter ido para a cadeia do que me desfazer do carro.
Já ficaste contente de se livrar de um carro?
Se eu pudesse, ficaria com cada carro que tivesse comprado, mas aí eu teria pelo menos uns cem carros. O único negócio que eu realmente fiquei feliz em realizar foi ao vender meu carro da Indy, o Dayton Steel Foundry Special. Odiava ele. Mesmo Juan Manuel Fangio saiu dele e disse "nunca mais quero saber de guiar este troço". E meu genro teve um bom período com os carros da Ford, por isso ele é um pouco desdenhoso com a Ferrari.
Marino Franchitti é duro com os carros?
Não. Ele não é como um piloto-celebridade, que veste o capacete apenas no sábado. Ele conhece os caras que mantém o carro em condições e ele sempre esteve envolvido. Levou três anos para que ele pudesse ter uma oportunidade de guiar o Birdcage, pois o carro insistia em não funcionar corretamente.
Nós estamos tentando manter o assunto da entrevista apenas nos carros, mas teremos mais material do Pink Floyd?
Há ainda muito trabalho a fazer, e é o que eu chamo de "jardinagem". Completaremos o quinquagésimo aniversário em 2017. Adoraria que houvesse novo material, mas não penso que este é o momento. O problema é que as mudanças no mercado da música quase não deixam margem para produzir novos álbuns. A única coisa que realmente importa a nós são as turnês, onde podemos revisitar a história. Penso que devemos ser fiéis ao que acreditamos.
O que o senhor teria feito diferente?
Não muita coisa, comprar mais carros, vender menos veículos, ter mais aulas de bateria. Gostaria de ter sido um baterista mais técnico. Para o resto da minha vida, não mudaria muita coisa.
O texto original pode ser conferido clicando aqui.
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