O vídeo criado pela DK Engineering mostrando o funcionamento do Mercedes-Benz CLK GTR Straßen Version é digno de manual do proprietário

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Quando o Deutsche Tourenwagen Meisterschaft (DTM) foi encerrado no final de 1996, quando Opel e Alfa Romeo deixaram a categoria, devido ao alto custo de manutenção dos carros de competição com tração nas quatro rodas, a Mercedes-Benz não estava presente em nenhuma outra categoria de topo do automobilismo.

Com o sucesso da recém-criada BPR Global GT Series, e a FIA transformando a categoria em um certame internacional e renomeando-a para FIA GT Championship, a Mercedes-Benz viu uma oportunidade de competir contra as marcas mais famosas quando o assunto é carros superesportivos, como Porsche e Ferrari.

Seguindo os passos da Porsche, quando criou o 911 GT1, a Mercedes-AMG iniciou a construção de um carro de corrida que partisse de um modelo legalizado para circular em vias públicas e mantivesse alguns aspectos do mesmo, e foi escolhido o Mercedes-Benz CLK.

O Mercedes-AMG CLK GTR de competição teria o propulsor Mercedes-Benz M120 V12, montado na parte central do carro, e a carroceria seria feita inteiramente com fibra de carbono. O bólido seria testado antes que as unidades de homologação fossem produzidas, mas, para isso, a Mercedes-AMG tomou uma atitude curiosa.

Sob absoluto sigilo industrial, a Mercedes-Benz adquiriu o McLaren F1 GTR que havia sido campeão da BPR Global GT Series, e que pertencia à Larbre Compétition. Com o carro, a marca poderia atestar quais tempos de volta os competidores seriam capazes de registrar, e assim estabelecer os parâmetros necessários para ajustar o Mercedes-AMG CLK GTR.

A Mercedes-Benz removeu o motor BMW V12 do McLaren F1 GTR e pôs no lugar um propulsor Mercedes-Benz LS600 6.0 V12. À medida que a Mercedes-AMG criava modificações aerodinâmicas para o CLK GTR, primeiramente ela as instalava no McLaren F1 GTR e botava o carro na pista para verificar quais os efeitos que causavam. Somente se os resultados fossem positivos é que o CLK GTR era atualizado.

Depois de apenas 128 dias, dois protótipos do Mercedes-AMG CLK GTR já estavam prontos, e ingressaram na temporada 1997 do FIA GT Championship. No entanto, depois de apenas cinco voltas no Hockenheimring, um dos carros abandonou a prova depois de problemas nos freios, e o outro completou a corrida, mas 20 voltas atrás do vencedor, um McLaren F1 GTR.

Na corrida seguinte, em Silverstone, o Mercedes-AMG CLK GTR conseguiu mostrar a que veio, disputando a prova com o McLaren F1 GTR até a linha de chegada, perdendo a corrida, mas ficando a menos de um segundo do carro inglês. Em Nürburgring, quarta etapa do campeonato, um terceiro Mercedes-AMG CLK GTR ingressou no grid, e a marca finalmente venceu uma prova, com uma dobradinha.

A Mercedes-AMG ainda venceria mais cinco etapas, A1-Ring, Suzuka, Donington, Sebring e Laguna Seca, conquistando tanto o título de pilotos, com Bernd Schneider, quanto o de construtores. Em 1998, a Mercedes-Benz usaria o CLK GTR nas duas primeiras etapas, antes de aposentar o modelo e substituí-lo pelo CLK LM. No entanto, a equipe Persson Motorsport continuaria a usar dois CLK GTR durante todo o campeonato, e os melhores resultados conquistados foram um segundo lugar em Oschersleben e o terceiro lugar no campeonato de construtores.

Em 1999, mesmo após a FIA cancelar a classe GT1, a Mercedes-Benz foi obrigada a produzir a quantidade mínima de 25 unidades de homologação legalizadas para o trânsito público. Uma unidade já havia sido construída em 1997, mas foi retida pela marca. As outras unidades foram fabricadas na sede da AMG, em Affalterbach, entre o inverno de 1998 e o verão de 1999.

A intenção da Mercedes-Benz era criar um carro de rua bem próximo ao de competição, mas com refinamentos e apetrechos que visavam o conforto e a segurança, como ar condicionado, bancos de couro e controle de tração, e ainda assim mantendo o preço de cada unidade baixo.

Outras diferenças do Mercedes-Benz CLK GTR Straßen Version em relação ao Mercedes-AMG CLK GTR eram o aerofólio traseiro, que era integrado em vez de preso ao capô, e o motor, que foi modificado pela Ilmor Engineering, que aumentou a cilindrada de 5.987 para 6.898 centímetros cúbicos, e removeu o restritor de ar, que era pré-requisito imposto pela FIA. Assim, a potência do motor original aumentou de 608 para 612 CV, a 6.800 RPM, e o torque, de 729 para 775 Nm, a 5.250 RPM.

A Mercedes-Benz alegou na época que o CLK GTR Street Version era capaz de acelerar da inércia aos 100 km/h em 3,8 segundos e atingir a velocidade máxima de 344 km/h. O Guinness Book Of World Records adicionou o carro ao registro de veículo de produção mais caro, que custava 1.547.620 dólares. Foram produzidos 20 unidades do Mercedes-Benz CLK GTR Straßen Version no formato coupé, e as outras cinco eram conversíveis.
Devido à sua limitadíssima produção, o Mercedes-Benz CLK GTR Straßen Version não é um carro que você vê todo dia por aí, portanto, desconhece muitas características únicas deste modelo. Por isto, a DK Engineering produziu um vídeo digno de material dedicado aos proprietários de veículos que, na época, era disponibilizado em fitas VHS.

James Cottingham mostra os mínimos detalhes do Mercedes-Benz CLK GTR Straßen Version, como a checagem do sistema elétrico, o funcionamento do câmbio semiautomático, a verificação do nível do óleo do motor, o processo de abertura dos capôs traseiro e dianteiro, e o processo de erguimento do carro, através de um sistema hidráulico embutido.

Assista também aos vídeos especiais que a DK Engineering produziu para o McLaren F1, o Porsche 911 GT1 Straßenversion, a Ferrari F50, o Maserati MC12 Stradale, o Porsche Carrera GT, o Pagani Zonda F, o Mercedes-Benz SLR McLaren, o Mercedes-AMG GT3 Evo e a Ferrari F40.

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