De acordo com estudo divulgado pela BBI, escola de administração noreguesa, quem baixa música livremente em sites de troca de arquivo gasta 10 vezes mais comprando música do que quem não usa esse tipo de site. O resultado do estudo étão impressionante que a indústria musical e as gravadoras simplesmente não acreditam nele.
Mas eu acredito. E por uma razão simples: eu já imaginava que isso iria acontecer desde o final dos anos 1990. Essa pesquisa apenas confirma minhas suspeitas.
O fato é que nos primeiros anos da Era Napster, período em que não havia nenhum movimento musical expressivo que alavancasse o mercado de CDs, as vendas aumentaram. Quanto mais o Napster crescia, mais as vendas aumentavam. Quando mataram o Napster, as vendas de CD diminuíram. E quanto mais a RIAA (associação de gravadoras americanas) perseguia desenvolvedores de programas de compartilhamento de música, mais as vendas de CDs diminuíam. Isso não podia ser coincidência.
A RIAA e a indústria musical em geral culparam as redes P2P (Limewire, Torrent, eMule) pela decadência, acusando-os de “roubar” música. Bom, mas o fato é que não é fácil você encontrar música nova e diferente nas rádios, havia poucos modos de se descobrir novas bandas, novos tipos de música que o motivassem ir a uma loja comprar um CD. Era um momento de transição que deixou a indústria musical perdida e sem rumo.
Com a habilidade de compartilhar coleções musicais de qualquer parte do mundo, o Napster se tornou uma espécie de DJ gigantesco, que conseguia encontrar música de todo e qualquer tipo, não importa qual seu gosto. Com exceção do tempo que se leva para baixar uma música, esse é um modo muito mais eficiente do que o rádio para se ouvir o estilo musical da preferência. E sem comerciais.
Por isso, não é nenhuma surpresa que as vendas de CD eram altas na época do Napster. Porém, absolutamente ninguém da cúpula da indústria musical conseguiu entender a sociologia deses mecanismo. E continua não entendendo.
Por isso faço essa simples pergunta: há uma banda por aí que eu certamente compraria o CD, pois gosto do estilo. Mas como vou descobri-la? Como vou saber se ela existe? Nas rádios que só tocam as mesmas músicas o dia inteiro?
O fato é que os mecanismos de “descoberta” atuais são arcanos e parecem piorar a cada dia. Há centenas de milhares de músicos medíocres enchendo o MySpace de porcaria, oferecendo download gratuito em troca de reconhecimento. As bandas punks mais toscas de antigamente soam como Mozart se compararmos com os lixos sem talento que o mercado tenta nos impor.
A indústria musical se meteu num beco sem saída e agora tenta buscar o caminho mais fácil.
As gravadoras buscam artistas que sejam muito fáceis de promover e investem muito dinheiro neles, ainda que o talento seja zero. E assim vivemos a Era Britney Spears, com artistas sem talento que vivem de imagem para vender (poucos) CDs e ingressos para shows. Eles estão afundando o mercado sem perceber.
John Dvorak
PC Magazine
AdNews
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