No entanto, uma simples solução, criada por um americano chamado Dan Gurney, iria muito além do automobilismo, indo parar os aviões e helicópteros: um apêndice instalado na ponta do aerofólio traseiro de um carro da Indy.
Dan Gurney, além de ter sido o primeiro piloto a usar um capacete totalmente fechado, protegendo a integralidade do crânio, e de inventar, acidentalmente, a comemoração do spray de champagne no pódio, criou um dispositivo aerodinâmico que se tornou o mais influente nos designs do automobilismo e até da aeronáutica.
Quando saiu do carro, Unser não estava contente com a performance do mesmo. Ameaçou deixar de pilotar o carro caso o projetista não o tornasse mais rápido. Gurney precisava fazer alguma coisa para restaurar a confiança de seu piloto antes da corrida.
Então, resolveu aplicar uma solução rudimentar, paliativa e rápida: colocar na prática um experimento conduzido por algumas equipes nos anos 1950, que colocavam spoilers afixados na traseira dos carros para anular o efeito de erguimento da carroceria em altas velocidades, que provocavam instabilidade.
Após sair da pista, quando teve a oportunidade, em meio aos mecânicos cabisbaixos, o piloto foi conversar com Dan Gurney em particular, e disse que não conseguiu ser mais rápido pois o carro estava tão firme na traseira que começou a sair de frente.
A solução era mais simples ainda: aumentar o ângulo de ataque do aerofólio dianteiro, de forma que produzisse mais downforce e tornasse o carro mais rápido nas curvas.
Dan Gurney e Bobby Unser esconderam o segredo durante o tempo que puderam, afirmando que o apêndice aerodinâmico era um mero dispositivo de segurança, ou simplesmente um apoio para os mecânicos no momento de empurrar o carro. Entretanto, muitos começaram a copiar a peça, mesmo sem entender o fenômeno que provocava. Aumentaram e reduziram as dimensões, mas sempre falharam, já que as medidas devem ser da proporção correta em relação ao tamanho do plano do aerofólio.
Dan Gurney reinventou a aerodinâmica por mera necessidade. O Gurney Flap multiplicou a capacidade de gerar mais pressão do ar em aerofólios, e definiu o desenvolvimento não só das próximas gerações de carros de corrida, mas também dos aviões e dos helicópteros. Além disso, o Gurney Flap foi a primeira invenção aerodinâmica que surgiu no automobilismo e partiu para a aeronáutica.
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