Adrian Newey tem toda razão. E se fosse uma Ferrari que tivesse que ser recolhida? Também a teriam posto tão perto das pessoas assim? Bem, talvez não geraria a mesma repercussão, pelo fato de não ser a Scuderia a equipe dominadora do campeonato. O certo é que deveriam tê-lo recolhido durante o GP, e não no momento da invasão dos tiffosi.
Entendo a fascinação das pessoas a Adrian Newey, especialmente de Becken Lima, quando escreveu o texto abaixo:
Engenho e Arte
Dizem que o genial Adrian Newey, ficou emputecido com este vídeo acima. Graças a uma simples filmagem amadora, os detalhes do intrincado assoalho do seu poderoso carro de F1 ficaram aparentes para cópia.
Não há direitos autorais na F1, daí a compreensível birra de Newey, mas à parte o debate sobre espionagem, há algo de extremamente tocante neste vídeo.
Há uma comovente reverência à máquina, um mix de fascinação juvenil e veneração religiosa explícito na forma como as pessoas a circundam e tocam. É uma adoração que vi apenas diante de obras de artes consagradas, como da Capela Sistina ou do Pensador de Rodin.
Isto me levou — obviamente — a outra digressão, que é quanto o valor da tecnologia como obra de arte no mundo de hoje.
Depois da imortalização da lata de Sopas Campbel por Andy Warhol, somos todos artistas, o que significa que o pós-modernismo de Warhol talvez tenha banalizado o valor da manufatura e da técnica, diluindo no processo o apelo sagrado da arte.
Hoje, a arte é alcançável, mas a sofisticação da alta engenharia, não.
Isto é curioso por que o homem responsável pela maior empresa de tecnologia do mundo, Steve Jobs da Apple, acredita piamente que as inovações mais duradouras são frutos de um casamento harmônico entre ciência e arte, exatas e humanidades.
Lembro bem da epifania que tive ao ter um iPad nas mãos pela primeira vez. Era quase inconcebível que apenas aquela tela plana e diminuta pudesse condensar tanto conteúdo e tantas… obras de arte em seu interior.
Teria a tecnologia tomado o lugar da arte como expressão do que de mais profundo e sagrado produz o homem? Não sei, mas a adoração e culto daqueles homens àquela maquina produzida pelo grande artista que é Adrian Newey, é o mais próximo que se pode chegar da veneração que se observa por museus mundo afora.
Talvez eu tenha ido longe demais em minha digressão, e a fronteira entre arte e tecnologia continue indivisível, mas não é curioso que Adrian Newey tenha nascido em Stratford upon Avon, a mesma cidade de William Shakespeare?
http://www.corridadeformula1.com/engenho-e-arte
Contudo, temos de lembrar que Adrian Newey, assim como os outros, errou muitas vezes até acertar um projeto. Em 1994, bastou Ayrton Senna morrer para que Adrian modificasse o carro, de forma que Damon Hill pudesse recuperar o tempo perdido, e disputar o título com Michael Schumacher, até o GP da Austrália.
Depois de muitos anos acompanhando diversos esportes, a conclusão que cheguei é que há duas coisas cruciais que qualquer campeão precisa ter: MOMENTO e SORTE. Se tudo em volta propicia que o piloto (ou atleta, ou jogador) possa disputar um título, e tudo acontecer nas corridas (ou jogos) conforme o esperado, o resultado vem.
Exemplos de falta de sorte para ser campeão na Fórmula 1 temos vários. Vou citar apenas dois: Stirling Moss e Chris Amon.
Não estou querendo desmerecer o trabalho de Adrian Newey, ou de Ross Brawn em 2009, por exemplo, mas espero que tenha captado a ideia. Tudo precisa “encaixar” para que qualquer projeto seja bem sucedido.
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