Estrutura de uma ação viral: a diferença entre fórmulas e regras

É muito comum alguém dizer que viral não tem fórmula. Isso é verdade. Uma fórmula é algo exato, científico e preciso. Não se pode exigir isso de uma ação viral, pois ela envolve emoções e reações de pessoas, e o ser humano não cabe em fórmulas.

Outras pessoas dizem que o viral é consequência de uma ação de publicidade online. Que não se pode produzir um viral, mas somente esperar que uma campanha viralize e se espalhe. Isso é só parcialmente verdade. É fato que muitas ações publicitárias, mesmo comerciais convencionais, acabam por iniciativa das pessoas, se propagando na rede e ganhando mais corpo do que seus autores imaginavam originalmente. Mas acreditar que não se pode conscientemente fazer isso é muito simplista.

O fato é que estamos falando de marketing, em particular de marketing digital, e portanto temos que perseguir e garantir resultados. Embora haja elementos intangíveis e imprevisíveis em uma ação de marketing viral, não podemos simplesmente aceitar que não há método ou ciência por trás de uma boa ação de marketing viral.

É verdade que ele pode ser consequência de uma ação publicitária e também que ele não tem um fórmula definida, mas estudando mais a fundo o tema, e baseado em cases de sucesso, onde houve intenção clara e bem sucedida de se implementar uma ação viral, é possível planejar e prever alguns resultados.

Ações de marketing são ações práticas que visam obter maior exposição para a marca, conquistar maiores fatias do mercado e, em última análise, aumentar as vendas. Assim, temos que criar ações estruturadas e que tenham a maior chance possível de dar resultados concretos. Portanto, o maior desafio é como conseguir resultados. Mas se não temos fórmulas para utilizar, o que fazer? A resposta é simples: seguindo algumas regras.

No marketing digital eu não trabalho com fórmulas, e sim regras. Regras são guias, ensinamentos, gerados pela experiência e pela análise. Regras são flexíveis e podem ser quebradas. Por isso, falo de estrutura e regras, e não de fórmulas.

A ação de marketing viral pode ter muitas formas e conteúdos. A criatividade é a regra e, às vezes, é difícil enxergar a estrutura de uma ação viral olhando somente para os vídeos ou widgets que você encontra na Internet.

Entretanto, uma ação de marketing viral tem uma estrutura clara. Como em toda ação de marketing digital você tem um objetivo de campanha, um público-alvo e uma mensagem para transmitir para esse público (e se não tem, faça isso primeiro, antes de tentar qualquer outra coisa. Lembre-se: objetivo, público-alvo, mensagem).

A Estrutura de uma ação viral

Esta estrutura de uma ação viral pode ser dividida em:

* A peça viral: elemento de transporte da sua mensagem. Ela pode ser um texto, um widget, um vídeo, ou qualquer outro formato online. É ela que contém a mensagem e a essência da estratégia.

* A rede de distribuição: rede social ou o meio por onde a peça viral será transmitida. A peça viral deve ser repassada de internauta para internauta e, portanto, você tem que definir a rede de distribuição. Ela pode ser a única rede ou só a inicial, se sua peça permitir múltiplas formas de transmissão.

* A semeadura: implantação da peça viral nos pontos chaves da rede. Como e onde iniciar a publicação da peça viral na rede é essencial para o sucesso.

* Usuários alfa: primeiros a terem contato com a mensagem e que têm mais possibilidades de propagação da mensagem inicial. Eles são as pessoas-chave que tem maior influência na rede e que são mais sensíveis à mensagem. Pode ser que isso seja inerente à rede de distribuição, ou que dependa de uma pesquisa prévia.

* Complementos: os complementos dão longevidade à campanha. Criar avatares, papeis de parede, músicas e outros elementos que permitam que as pessoas possam "curtir" a ação além do viral.

E quais são as regras básicas do marketing viral que contribuem para que ele funcione? Se você entendeu a estrutura, fica mais fácil entender como as regras vão ajudar e muito para que você seja bem sucedido.

Então, vamos às regras.

Faça com que as pessoas sintam algo

É muito importante que as pessoas tenham uma experiência forte e sintam fortes emoções. Você terá que se comprometer com algo e fazer com que as pessoas se sintam vivas e tenham uma reação como:

* sentirem-se repletas de amor ou ódio.
* ficarem muito contentes ou bravas.
* sentirem-se geniais ou idiotas.
* sentirem compaixão ou perceberem-se egoístas.

Esqueça os tons pastéis, as posições neutras ou as tentativas de agradar a todos. Marketing viral funciona com base em emoções.

Faça algo inesperado

Se você quer que sua campanha decole, terá que fazer algo diferente, algo inesperado. Esqueça a promoção de produtos e serviços e não tente fazer algo parecer bacana ou jovem.

O caso do Banner Concert da Axion é um exemplo de algo inesperado. Quantas vezes você ouviu falar de um concerto em banners? Nem os jovens que participaram imaginavam essa possibilidade. Isso é algo inesperado.

Não faça propaganda

É estranho dizer isso, mas é a pura verdade. Use banners para fazer propaganda, mas não tente fazer isso no marketing viral. Esse é um erro comum nas campanhas de marketing viral que não decolam. Não pense que fazer marketing viral é só deixar que as pessoas espalhem sua propaganda umas para as outras. Não é.

Marketing viral é como contar uma boa história. É cinema, não propaganda. É um conto, não um folheto.

Esqueça sua empresa, seus produtos e seus serviços. Mantenha o foco em criar uma história interessante e surpreendente. Você sempre achará espaço para colocar sua marca, seu produto ou sua empresa na mente do consumidor com sua mensagem viral.

Permita o compartilhamento, o download e o mashup

O marketing viral está ligado a compartilhar. Então, crie o máximo possível de formas de compartilhamento, como links, e-mails, downloads, widgets e mashups. Alguns conselhos são importantes para aqueles excessivamente preocupados com direitos autorais:

* Permita que as pessoas possam baixar o conteúdo em diversos formatos.
* Permita que incluam o conteúdo em seus blogs ou sites.
* Permita que copiem à vontade e enviem para seus amigos.
* Permita a publicação em diversas mídias sociais.
* Permita todo e qualquer tipo de cópia, modificação, tradução e remixagem, ou seja, qualquer forma de contribuição que o público queira/possa dar para sua criação.

O marketing viral não tem relação com direitos autorais ou exclusividade. Ele tem a ver com liberdade e com deixar seu conteúdo livre para que se espalhe e cresça. Todas essas manifestações são parte do envolvimento e do engajamento do seu público. Encare tudo isso de forma positiva.

Crie formas de participação e comentários

É muito importante que as pessoas sintam que podem participar e serem ouvidas. Lembre-se de que você mexeu com as emoções delas e elas, agora, querem se expressar. Uma das melhores formas de fazer isso é permitir comentários.

Crie meios para que as pessoas possam enviar comentários que fiquem visíveis para todos e que possam ser replicados. Uma boa forma é utilizar outras mídias sociais, como o Twitter, o Orkut ou um blog da campanha. Votações também são uma ótima forma de participação.

Não restrinja o acesso a nada

Prepare-se para a mudança de paradigma. Você está entregando sua criação para a multidão e deve deixar que ela cuide do resto. Não exija nada em troca, pois não é o momento para isso. Acredite na força da liberdade na Internet e no bom senso de seu consumidor, além de seguir estes conselhos:

* Não obrigue ninguém a se registrar.
* Não obrigue ninguém a se tornar membro.
* Não obrigue ninguém a instalar um software especial.
* Não obrigue o uso de códigos de registro ou senhas.
* Não obrigue nada que signifique comprometimento ou restrição.

Enfim, não restrinja o acesso a seu conteúdo viral sob qualquer pretexto. Tudo deve estar aberto e acessível ao consumidor.

Crie sequências completas

Depois de todo o trabalho de criar uma campanha viral e de conseguir a atenção de milhares ou milhões de pessoas com sua campanha, você a abandonará? Parece incrível, mas muitas empresas fazem isso. Você tem que criar uma sequência de ações e interações após o primeiro contato com o consumidor. Você pode criar essas sequências de diversas formas:

* Criar vídeos sobre o assunto.
* Criar um "making of" da campanha.
* Criar um blog sobre o assunto.
* Divulgar a reação das pessoas à campanha.
* Utilizar logos, avatares ou personagens da campanha em outros formatos.

Não deixe que as pessoas pensem que acabou. Aproveite as emoções geradas e o engajamento de tantas pessoas motivadas e deixe que elas curtam sua campanha de todas as formas.

Não abandone a ação viral

Por fim, a regra de ouro do marketing viral: não abandone a sua ação.

O viral tem uma curva de adesão, que começa pequena e vai ganhando força até se tornar uma ação irreversível. O início da propagação é a fase crítica, dela depende a maior parte do sucesso.

Na maioria das vezes, monitorando e acompanhando a repercussão, você consegue descobrir se a ação precisa de alguma ajuda. Corrigir, melhorar, intervir, pode ser necessário. Assim, se você não abandonar a ação e acompanhá-la, principalmente no início, você aumenta as chances de sucesso.

iMasters

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