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I think this book will become a best seller...
Publicado: segunda-feira, 1 de abril de 2019 às 15:00
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Review de Livro - Metallica: A Biografia
Ulrich, filho de uma rica família europeia e que desde cedo conviveu de maneira muito próxima não só com a música, mas com diversas formas de artes, se tornou um frontman atrás de uma bateria. Um cara que fala tudo o que pensa sem pensar duas vezes, arrogante, seguro e com um senso estratégico reconhecido e admirado por todos, e que poderia ter seguido uma carreira de sucesso dentro da indústria musical. No outro oposto, Hetfield, o típico filho de um lar desfeito norte-americano, abandonado pelo pai, que perdeu a mãe de forma prematura e cresceu seguindo os preceitos discutíveis de uma religião extremista, transformando-se em um adulto fechado e inseguro amparado por doses cavalares de álcool.
Mick Wall, um respeitável jornalista de rock inglês com passagens pela Kerrang, Classic Rock e autor de outra altamente recomendável biografia rockeira - Quando os Gigantes Caminhavam Sobre a Terra, do Led Zeppelin -, desde cedo conviveu com a banda, chegando a ser amigo próximo de Lars. Isso dá ao livro um toque especial, com histórias de bastidores deliciosas e, muitas vezes, desconhecidas do grande público.
O que fica claro é que o Metallica sempre esteve à frente das demais bandas de cena thrash, fato esse reconhecido pelos próprios músicos de grupos como Slayer, Exodus, Anthrax e até mesmo pelo Megadeth de Dave Mustaine. A transformação de Ulrich, de fanático pela NWOBHM à principal mente pensante por trás do Metallica, é contada com uma grande riqueza de detalhes. Da admiração de toda a cena da Bay Area pelo "moleque europeu com sotaque engraçado e dono de uma grande coleção de discos" ao ódio em escala mundial motivado pelo processo movido contra o Napster, Mick Wall mostra um Lars Ulrich de uma maneira poucas vezes vista, principalmente aqui no Brasil, onde o entendimento sobre a sua importância para o Metallica é muitas vezes menosprezada.
Sobre James, é fascinante perceber a evolução do moleque quieto e cheio de espinhas em um dos maiores símbolos e músicos da história do heavy metal. Da inflluência enorme de seu jeito único de tocar guitarra - sim, ninguém fazia bases "pedaladas", pesadas e tão precisas antes de James surgir -, que moldou a sonoridade do thrash metal comprovando que não era preciso tocar solos mirabolantes para ser um guitar hero, à sua coragem em expor os seus traumas pessoais em letras que se tornaram cada vez mais pessoais e transparentes com o passar dos anos, a trajetória de Hetfield fascina por mostrar um músico que, mesmo nos momentos mais controversos da carreira do Metallica, manteve-se fiel às suas crenças o quanto isso foi possível.
Há vários momentos de destaque no livro. Os primeiros anos, o inegável impulso que a entrada de Dave Mustaine deu à banda - e Mustaine é tratado com a devida reverência e respeito -, a traumática perda de Cliff Burton, a entrada de Jason Newsted, a explosão mundial com o "Black Album", as experimentações nem sempre certeiras de "Load" e "Reload", o equivocado "St Anger" e a redenção com "Death Magnetic" são esmiuçados por quem viveu tudo isso de perto. Há dezenas de entrevistas com pessoas próximas à banda, e o resultado é um retrato contundente desta que é uma das mais importantes bandas da história do rock - principalmente pelo fato de não ser uma biografia autorizada chapa branca.
Metallica: A Biografia é leitura obrigatória não só para os fãs do grupo e do heavy metal, mas também para quem quer saber como funciona a indústria musical mais a fundo. Aqui no Brasil há um excesso de romantismo sobre o rock e o metal, como se os músicos de uma banda fossem inegavelmente grandes amigos e gostassem muito um dos outros, o que nem sempre é verdade. O livro de Wall desmistifica essa visão, mostrando como foram montadas as estratégias que levaram a banda ao topo, as divergências entre Lars e James e o papel fundamental que a Q Prime, empresa comandada por Peter Mensch e Cliff Burnstein, teve na história do grupo.
Percebe-se também um esforço de Mick Wall em tentar comprovar que Cliff Burton teria aprovado as transformações que o Metallica passou durante toda a sua carreira, buscando argumentos em entrevistas antigas e depoimentos de pessoas próximas a Cliff para legitimizar desde a maior acessibilidade apresentada em "Black Album" até as experimentações musicais de "Load". Uma postura desnecessária, na minha opinião.
Mesmo com algumas falhas de revisão e informações históricas erradas ao longo de suas mais de 400 páginas - como datas de lançamentos de álbuns e coisas do tipo -, Metallica: A Biografia é um livro excelente, uma leitura fundamental que fornece dezenas de elementos para entender como o Metallica se transformou na maior banda de heavy metal de todos os tempos.
Leia em volume máximo!
Lançamento nacional da Editora Globo.
Whiplash
Mick Wall, um respeitável jornalista de rock inglês com passagens pela Kerrang, Classic Rock e autor de outra altamente recomendável biografia rockeira - Quando os Gigantes Caminhavam Sobre a Terra, do Led Zeppelin -, desde cedo conviveu com a banda, chegando a ser amigo próximo de Lars. Isso dá ao livro um toque especial, com histórias de bastidores deliciosas e, muitas vezes, desconhecidas do grande público.
O que fica claro é que o Metallica sempre esteve à frente das demais bandas de cena thrash, fato esse reconhecido pelos próprios músicos de grupos como Slayer, Exodus, Anthrax e até mesmo pelo Megadeth de Dave Mustaine. A transformação de Ulrich, de fanático pela NWOBHM à principal mente pensante por trás do Metallica, é contada com uma grande riqueza de detalhes. Da admiração de toda a cena da Bay Area pelo "moleque europeu com sotaque engraçado e dono de uma grande coleção de discos" ao ódio em escala mundial motivado pelo processo movido contra o Napster, Mick Wall mostra um Lars Ulrich de uma maneira poucas vezes vista, principalmente aqui no Brasil, onde o entendimento sobre a sua importância para o Metallica é muitas vezes menosprezada.
Sobre James, é fascinante perceber a evolução do moleque quieto e cheio de espinhas em um dos maiores símbolos e músicos da história do heavy metal. Da inflluência enorme de seu jeito único de tocar guitarra - sim, ninguém fazia bases "pedaladas", pesadas e tão precisas antes de James surgir -, que moldou a sonoridade do thrash metal comprovando que não era preciso tocar solos mirabolantes para ser um guitar hero, à sua coragem em expor os seus traumas pessoais em letras que se tornaram cada vez mais pessoais e transparentes com o passar dos anos, a trajetória de Hetfield fascina por mostrar um músico que, mesmo nos momentos mais controversos da carreira do Metallica, manteve-se fiel às suas crenças o quanto isso foi possível.
Há vários momentos de destaque no livro. Os primeiros anos, o inegável impulso que a entrada de Dave Mustaine deu à banda - e Mustaine é tratado com a devida reverência e respeito -, a traumática perda de Cliff Burton, a entrada de Jason Newsted, a explosão mundial com o "Black Album", as experimentações nem sempre certeiras de "Load" e "Reload", o equivocado "St Anger" e a redenção com "Death Magnetic" são esmiuçados por quem viveu tudo isso de perto. Há dezenas de entrevistas com pessoas próximas à banda, e o resultado é um retrato contundente desta que é uma das mais importantes bandas da história do rock - principalmente pelo fato de não ser uma biografia autorizada chapa branca.
Metallica: A Biografia é leitura obrigatória não só para os fãs do grupo e do heavy metal, mas também para quem quer saber como funciona a indústria musical mais a fundo. Aqui no Brasil há um excesso de romantismo sobre o rock e o metal, como se os músicos de uma banda fossem inegavelmente grandes amigos e gostassem muito um dos outros, o que nem sempre é verdade. O livro de Wall desmistifica essa visão, mostrando como foram montadas as estratégias que levaram a banda ao topo, as divergências entre Lars e James e o papel fundamental que a Q Prime, empresa comandada por Peter Mensch e Cliff Burnstein, teve na história do grupo.
Percebe-se também um esforço de Mick Wall em tentar comprovar que Cliff Burton teria aprovado as transformações que o Metallica passou durante toda a sua carreira, buscando argumentos em entrevistas antigas e depoimentos de pessoas próximas a Cliff para legitimizar desde a maior acessibilidade apresentada em "Black Album" até as experimentações musicais de "Load". Uma postura desnecessária, na minha opinião.
Mesmo com algumas falhas de revisão e informações históricas erradas ao longo de suas mais de 400 páginas - como datas de lançamentos de álbuns e coisas do tipo -, Metallica: A Biografia é um livro excelente, uma leitura fundamental que fornece dezenas de elementos para entender como o Metallica se transformou na maior banda de heavy metal de todos os tempos.
Leia em volume máximo!
Lançamento nacional da Editora Globo.
Whiplash
Tags:
Literatura,
Livros,
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Publicado: segunda-feira, 16 de abril de 2012 às 07:30
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