Fábio Sbardelotto, Luciano de Faria Brasil e a interdição do Beira-Rio

Fábio Sbardelotto e Luciano de Faria Brasil
Estava, de certo modo, conformado com a impossibilidade do Inter jogar na sua casa durante o Campeonato Brasileiro, em razão das reformas na parte interna do Beira-Rio, em virtude da Copa do Mundo. Afinal de contas, quem reforma sua casa pode ter que dormir fora dela durante algum tempo, para que se possa terminar o serviço.

No entanto, depois de ouvir Wianey Carlet, da Rádio Gaúcha, no programa Supersábado de 30 de junho, parece-me que o problema não é a interdição em si, mas quem a determinou. Vamos aos fatos.

Fábio Sbardelotto e Luciano de Faria Brasil são da Promotoria de Justiça de Habitação e Defesa da Ordem Urbanística de Porto Alegre, e requisitaram a interdição do Estádio Beira-Rio, com a alegação de que suas edificações não possuem alvará de Prevenção e Proteção contra Incêndios.

Só que, mesmo com a sua obtenção por parte da diretoria do Inter, apoiada pelo aval da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros, que a cada jogo avaliaram as condições do estádio e SEMPRE permitiram a abertura dos portões, os senhores promotores acabaram por interditar o local.

Até aí, tudo bem. No entanto, acrescenta-se o fato de Luciano de Lima Brasil ser presidente do Movimento Grêmio Novo e Fábio Sbardelotto ser ex-integrante do mesmo, o que pode gerar suspeita de parcialidade, ainda mais pelo fato de que as obras da Arena do Grêmio podem gerar problemas de igual ou maior gravidade, isso sem mencionar o atropelamento de um operário na rodovia que fica ao lado do que será o novo estádio do Grêmio, e toda a equipe que trabalha na construção precisou fechar a estrada e fazer um protesto, para que medidas fossem tomadas com o intuito de evitar tragédia semelhante.

Algo mais que reforça a ideia de um possível "ato clubístico" é o comentário possivelmente feito por Fábio no blog de Wianey Carlet no dia 29 de abril de 2010, falando da questão da arbitragem em jogos da dupla Gre-Nal. Uma imagem com o texto do comentário está abaixo.
Comentário de Fábio Sbardelotto no blog de Wianey Carlet, 29 de abril de 2010: Desta vez o árbitro errou (expulsão). Nas demais, quando garfeiam o Grêmio, o Wianey sempre disse que era uma questão de interpretação. Qual a capacidade sobrehumana do Wianey e os demais repórteres colorados para concluir o que Kleber queria fazer? Pisou, sim. Se foi com maldade ou não, o árbitro e seu auxiliar concluíram. Coitado do Pelotas, que teve o azar de ver Simon apitando e, por "interpretações" (Wianey) equivocadas, prejudicando-lhe. Triste é a manchete da Zero Hora. Adversário + apito. Nunca vi algo sequer parecido quando garfearam o Grêmio, ou beneficiaram o Inter (o que tem ocorrido constantemente). Veja-se a única Libertadores de 2006. Naquele dia, deveriam ter dito: Inter + árbitro. Link: http://wp.clicrbs.com.br/wianeycarlet/2010/04/29/arbitragem-complica-o-inter-na-argentina
A seguir, o texto do link do site do Ministério Público, onde Fábio Sbardelotto e Norberto Pâncaro Avena prestam esclarecimentos a respeito da interdição do Estádio Beira-Rio. Ele está no link www.mp.rs.gov.br/imprensa/noticias/id28784.htm, mesmo assim, reproduzo aqui, na íntegra, com os links no final para os depoimentos de ambos em áudio.

Interdição do Beira-Rio: promotores prestam esclarecimentos

Os promotores de Justiça Norberto Pâncaro Avena e Fábio Sbardelotto, da Promotoria de Justiça de Habitação e Defesa da Ordem Urbanística de Porto Alegre, concederam, na tarde desta quarta-feira, 27, entrevista coletiva à Imprensa, para tratar de questões relacionadas à interdição do Estádio Beira-Rio.

Demonstrando coerência, Avena e Sbardelloto seguem afirmando que a preocupação do Ministério Público é em zelar pela segurança dos frequentadores do estádio, "que, no momento, não passa de uma obra, um prédio em construção". "Nos preocupa muito a postura de autoridades que se manifestaram dizendo haver segurança, pois as restrições são muitas", ressaltaram.

Os Promotores de Justiça contaram que foram procurados, pouco antes da entrevista, pelo presidente do Sport Club Internacional, Giovani Luigi, acompanhado do ex-presidente Fernando Carvalho e um membro da Assessoria Jurídica do clube, com o objetivo de formalizar proposta para que seja revertida a interdição do Estádio Beira-Rio.

De acordo com os membros do MP, a proposta e os novos laudos que o clube deve apresentar serão analisados, porém, "as questões são técnicas e envolvem legalidade e segurança. Só com a conclusão da obra e com os alvarás definitivos é que se pode garantir efetivamente essa segurança. Tudo o que for feito, neste momento, serão apenas adaptações", esclareceram. "Entendemos e respeitamos a preocupação do Internacional com relação às questões econômicas e esportivas, mas não podemos ir contra o nosso papel de prevenir tragédias".

Avena e Sbardelloto lembraram, ainda, que a decisão do Juiz em interditar o Estádio, decretada na última sexta-feira, 22, a pedido do MP, não foi baseada apenas em documentos. Houve visitas técnicas que comprovaram o que os Promotores alegavam.

Na ação ajuizada, os Promotores defenderam a interdição do Beira-Rio em razão da ausência de Alvará de Prevenção e Proteção contra Incêndios, entre outras inadequações.

Com a decisão judicial, o Inter vai ter de levar jogos do Brasileirão para outro estádio durante as reformas.

Para ouvir um trecho da entrevista concedida por Norberto Pâncaro Avena, clique aqui.

Para ouvir um trecho da entrevista concedida por Fábio Sbardelotto, clique aqui.


Além de tudo, Fábio Sbardelotto criticou a Brigada Militar e o Corpo de Bombeiros por darem condições ao Beira-Rio de sediar jogos, passando por cima de decisões de instituições idôneas como essas. Outra coisa: a Estação Rodoviária de Porto Alegre vai ser reformada, mesmo com vinte mil pessoas circulando por ela diariamente. Se fosse seguida a mesma lógica dos mesmos senhores que interditaram o Beira-Rio, o local onde os ônibus param na capital gaúcha também deveria ser fechado, ou não?

Se seguirmos a mesma linha de raciocínio, esse promotor vai ter que interditar tudo que fique num raio de 1,5 km de obras, caçambas de tele-entulho etc., pois pode acontecer algum tumulto perto de um desses locais, e as pessoas podem usar os materiais de obras e entulhos colocados nas caçambas como armas. Se tiver algum bar por perto, também deveria ser proibida a comercialização de bebidas alcoólicas.

Para mim, e para muitos, ele se aproveitou do cargo para "tirar uma onda" com o Inter. Além do mais, ele coloca em xeque todos os laudos da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros.

Portanto, colorados, se estão insatisfeitos com essa situação, mexam-se. Falar mal do time e do treinador é fácil, agora, tomar alguma providência para tentar reverter a interdição do Beira-Rio, por exemplo, que é bom, nada?

Então, que tal entrar em contato com a Corregedoria do Ministério Público, para questionar a idoneidade dos profissionais Fábio Sbardelotto e Luciano de Faria Brasil a respeito disso? Não doi nada e não vai tomar muito tempo. Os dados de contato estão abaixo:

Corregedoria do MP
Av. Aureliano de Figueiredo Pinto, nº 80, 13º Andar, Torre Sul
Porto Alegre/RS
CEP 90050-190
Tel.: 51 3295-2172
e-mail: cgmp@mp.rs.gov.br ou scgmp@mp.rs.gov.br


Envie logo um e-mail para os dois endereços. Para facilitar ainda mais o trabalho de vocês, deixo um texto que eu mesmo enviei para eles, que pode servir de exemplo.

Assunto: Interdição do Beira-Rio

Prezada Corregedoria,

Não sei exatamente como me dirigir aos senhores, de uma instituição tão importante e idônea como o Ministério Público, mas mesmo assim, entro em contato com vocês para que avaliem internamente as atitudes de Fábio Sbardelotto e Luciano de Faria Brasil, da Promotoria de Justiça de Habitação e Defesa da Ordem Urbanística de Porto Alegre, que foram alguns dos responsáveis pela interdição do Estádio Beira-Rio.

Eles simplesmente ignoraram os laudos da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros, que a cada partida no local, iam até lá para avaliar a situação das obras e da segurança dos cidadãos que se dirigiriam até o estádio, e sempre permitiam a abertura dos portões.

Acontece que Luciano é integrante do Movimento Grêmio Novo e Fábio já participou do mesmo, o que gera uma suspeição de parcialidade na decisão por parte de muitas pessoas, especialmente os torcedores do Sport Club Internacional. Além disso, Fábio criticou os laudos da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros, como se estivesse duvidando da integridade de tais instituições.

Além disso, a Estação Rodoviária de Porto Alegre vai ser reformada, mesmo com vinte mil pessoas circulando por ela diariamente. Se fosse seguida a mesma lógica dos mesmos senhores que interditaram o Beira-Rio, o local onde os ônibus param na capital gaúcha também deveria ser fechado, ou não?

E a Arena do Grêmio? Não poderá ser inaugurada esse ano também, já que ainda haverá obras no entorno do estádio. E o Estádio Olímpico? Onde ocorre a famosa "avalanche", forma que os torcedores comemoram um gol, onde um homem de Santa Maria morreu ao cair no fosso, e uma mulher foi atingida por um homem que caiu das cadeiras e ficou paraplégica. O mesmo Estádio Olímpico, que, de 1979 a 1981, durante a construção de um quarto de seu estádio, não foi interditado.

Aliás, o promotor deu como exemplo para interditar o Beira-Rio o episódio Hierro. O acontecimento da facada não tem nada a ver com as obras, pois estavam paradas naquela ocasião. Hierro entrou nas dependências do estádio com uma faca escondida num jogo comemorativo com portões abertos. Ele está proibido judicialmente de ir a qualquer estádio de futebol, não só do Beira-Rio.

Fico extremamente preocupado e decepcionado com o que estou vendo acontecer com essa tão respeitada instituição, que sempre tem estado ao lado do povo gaúcho para defender os interesses da sociedade.

A possibilidade de um cidadão, já que promotor também é cidadão, esquecer de toda a magnitude de sua função e usá-la para prejudicar um time de futebol, por interesses pessoais, pelo simples fato desse time ser o maior adversário do clube de sua preferência, até seria compreensível, embora não sirva de justificativa.

Ver, a cada dia, a omissão dos senhores Procuradores de Justiça, dirigentes do Ministério Público, em investigar tal atitude de um de seus membros, faz-nos perder ainda mais a esperança na seriedade das instituições.

Será que não é sabido no Ministério Público a "paixão clubística" exarcebada do senhor Sbardelotto? Será que um órgão que se julga tão capaz, e vem buscando a algum tempo o direito de investigar através de inquéritos, não sabe sequer o que move seus integrantes?

Grato pela atenção prestada.

Seu nome, RG 0000000000

Um comentário:

  1. Muito bom!

    Estou procurando vários canais para tratar desse assunto. Tenho, também, enviado mensagens para a imprensa e para órgãos públicos sobre as manifestações racistas da torcida gremista, que, ainda mais do que os problemas relacionados às obras no Beira-Rio, ensejam uma manifestação do Ministério Público.
    Em breve vou publicar um texto sobre isso no interdetodos.blogspot.com e no capitao-rodrigo.blogspot.com. Dá uma olhada lá quando tiver um tempo.

    Abraço!

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