Muitos dizem que o motivo para isso seria a estabilidade e reduzir o esforço do volante para o piloto, já que estes carros não possuíam assistência de direção, seja hidráulica ou o sistema mais recente, com a ajuda de um motor elétrico.
Bem, não deixa de ser verdade, mas só a cambagem positiva não fará o volante ficar mais leve. A suspensão é um conjunto complexo, com vários elementos, que recebem e reagem às aplicações de força exercidas pelo movimento da carroceria e o contato com o solo.
Para saber o porquê da cambagem positiva, é preciso entender o conceito de inclinação do pino mestre. É a linha imaginária que une as duas articulações da manga de eixo nos braços de suspensão. Mais facilmente explicado, é o centro de rotação da roda quando ela é esterçada.
Mas por que os carros antigos possuíam cambagem positiva? Para saber a resposta, é preciso entender como eram fabricados. Mesmo após a Segunda Guerra Mundial, os carros ainda eram de construção simples, haviam outros conceitos e componentes aplicados na montagem, bem diferentes dos atuais.
As rodas e pneus eram bem finos e de grande diâmetro, ao contrário da manga de eixo, que era pequena. A maioria dos carros ainda possuía eixo dianteiro rígido. Inclusive alguns tratores atuais ainda possuem esta configuração de suspensão para as rodas da frente.
A fixação da manga de eixo era limitada por vários motivos, entre eles, os freios, que eram a tambor. Dependendo da potência do carro, eram necessários enormes tambores para segurar o veículo em grandes velocidades, mais ou menos como os freios atuais, que são uma combinação de diâmetro e composto usado nos discos, tamanho de pinças e número de pistões.
Em muitos carros antigos, além de alguns tratores atuais, em vez de um "pino mestre virtual", realmente há um pino fixando a manga de eixo. Os engenheiros sabiam que a linha de centro do pneu precisava ficar perto da linha de inclinação do pino mestre, para que o carro pudesse se tornar manobrável, mas isso se tornou um problema, em razão do enorme diâmetro dos pneus, além da impossibilidade em trabalhar muito no eixo dianteiro, por vários complicadores, exemplificados nos parágrafos anteriores.
A solução era inclinar o conjunto roda-pneu de forma a aproximar sua linha de centro ao eixo do pino mestre, gerando a famosa e, atualmente, estranha, cambagem positiva. Como toda solução gera um problema, a cambagem positiva traz consigo um efeito colateral: prejudica a estabilidade dianteira.
Cambagens enormes geram outros problemas, como esforços elevados nos componentes da suspensão, desgaste irregular dos pneus e, dependendo do projeto do veículo, diferenças de curva de um lado para outro, por causa de forças laterais irregulares.
Com o passar dos anos, a evolução tecnológica, principalmente nos pneus, rodas e freios, possibilitou a realização de novos desenhos de suspensão, e as antigas teorias caíssem em desuso, como o eixo rígido.
Outras formas de acerto do equilíbrio do carro foram criadas, e não mais se usou estas teorias do passado. Os novos pneus, mais largos, não aceitariam cambagem positiva.
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