A "silly season" foi bastante movimentada. Lewis Hamilton mudou-se da McLaren para a Mercedes. Sergio Perez ocupou seu lugar no carro prateado. Adrian Sutil volta à categoria após um período conturbado em sua vida, e a Force India o acolhe.
Nada menos que cinco pilotos estreiam na Fórmula 1: o finlandês Valtteri Bottas, o mexicano Esteban Gutierrez, o britânico Max Chilton, o francês Jules Bianchi e o holandês Giedo van der Garde.
Com pouquíssimas mudanças no regulamento técnico, a maioria das equipes preferiu o conservadorismo em seus projetos. As poucas diferenças foram a McLaren, que, em seu carro projetado a partir de um papel em branco, usou uma suspensão dianteira pull-rod, e a Sauber, que usou aberturas de refrigeração laterais mais estreitas.
Os compostos de pneus foram propositalmente construídos para se desgastarem mais rapidamente, criando a possibilidade de um mínimo de dois pit stops. O resultado? As curvas ficaram repletas de pedaços de borracha, a imprevisibilidade tomou conta das equipes, e as sete primeiras provas tiveram sete vencedores diferentes.
Um episódio marcante também deu o que falar no início da temporada: Sebastian Vettel e Mark Webber levavam seus Red Bull Racing RB9 na liderança, quando uma conversa da equipe com os pilotos pelo rádio mudou o rumo da corrida.
Um suposto código "Multi 21" fez o australiano configurar o mapeamento da injeção eletrônica do seu carro para economizar combustível e reduzir o desempenho. Já o alemão manteve o ritmo de seu carro, ultrapassou o companheiro de equipe e partiu rumo à vitória, despertando (novamente) a ira de Mark.
As equipes de ponta davam a impressão de terem entendido sobre a performance dos novos pneus da Pirelli, menos a Red Bull, que, apesar de ter vencido duas vezes até quase metade da temporada, fez Sebastian Vettel falar abertamente sobre como os pneus se desgastam tão facilmente em seu carro.
Na semana do Grande Prêmio de Mônaco, uma nova polêmica: a Mercedes teria conduzido um teste secreto de mil quilômetros para a Pirelli em Barcelona, usando o carro de 2013. A Ferrari também realizou este percurso, mas com um carro de 2011.
O caso ganhou ainda mais repercussão após a vitória de Nico Rosberg nas ruas de Monte Carlo. A punição aplicada pela FIA à equipe de Brackley foi a não-participação no teste para jovens pilotos em Silverstone.
No Grande Prêmio da Inglaterra, as coisas estouraram... literalmente! Lewis Hamilton, Felipe Massa, Sergio Perez e Jean-Eric Vergne tiveram o mesmo problema: seus pneus traseiros esquerdos explodiram. Além disso, Sebastian Vettel teve problemas com a caixa de câmbio. Nico Rosberg vence novamente.
Depois da prova, a Pirelli iniciou urgentemente suas investigações para apontar o que houve para tantas coincidências terem acontecido. Foi apontado que estas equipes usaram os pneus direitos no lado esquerdo dos carros, contrariando a especificação original dos pneus, que são unidirecionais para melhor desempenho. Esta atitude é tomada por equipes e pilotos até mesmo em corridas de kart.
Como os compostos de borracha são menos resistentes na banda de rodagem externa, mais afastada da roda. Ao serem usados no lado inverso do carro, aliado à uma cambagem negativa de até quatro graus, se degradam mais rápido, chegando a se romper antes do pit stop.
O domínio da Red Bull Racing iniciou no GP da Bélgica, e continuou no da Itália, pistas que exigem baixa pressão aerodinâmica, e a principío, impróprias para os carros de alto downforce criados por Adrian Newey. Apesar disso, Sebastian Vettel venceu as duas provas.
Em Cingapura, mais uma polêmica: um suposto controle de tração no RB9 fez Sebastian Vettel dominar a prova em um traçado ondulado e sem aderência. A partir daí, o caminho foi aberto para Sebastian Vettel vencer mais seis provas de forma consecutiva, igualando o recorde de Michael Schumacher, obtido em 2004, de treze vitórias em uma única temporada.
Além disso, Vettel marcou seu próprio recorde: nove vitórias consecutivas, obtido também por Alberto Ascari, mas ele o fez entre duas temporadas de Fórmula 1, já Sebastian obteve a sequência numa mesma temporada. Para Mark Webber, restou apenas encerrar sua carreira na Fórmula 1 da melhor maneira possível, antes de partir para a World Endurance Championship (WEC), onde competirá pela Porsche.
Se a performance da Red Bull estava muito além do esperado depois da introdução de pneus revisados, o contrário aconteceu com a Ferrari de Fernando Alonso e a Lotus de Kimi Raikkonen, que regrediram em termos de velocidade. Já o companheiro de equipe do finlandês, Romain Grosjean, não teve do que reclamar. Conquistou três terceiros-lugares e a segunda posição no pódio do GP dos Estados Unidos.
Mark Webber também conseguiu melhorar sua performance nas suas últimas corridas na Fórmula 1, ao chegar em terceiro na Itália e no Texas, e em segundo em Suzuka, Abu Dhabi e Interlagos. A equipe Mercedes também avançou na tabela, conquistano a vice-liderança no campeonato de construtores.
Kimi Raikkonen, ao não receber seu ordenado da Lotus, e por estar de saída para a Ferrari, resolveu terminar mais cedo sua temporada na Fórmula 1 e partir para a sala de cirugia, para se submeter a uma intervenção cirúrgica em suas costas, onde o finlandês se queixava de dores desde 2001.
Heikki Kovalainen, compatriota e substituto do piloto, não conseguiu marcar pontos nas duas últimas etapas, e a explosão do motor do carro de Romain Grosjean no GP do Brasil. Estes fatos impediram a Lotus de angariar uma posição maior na tabela do campeonato de construtores, ficando em quarto lugar.
A McLsren foi a grande decepção da temporada, ao terminar apenas em quinto lugar. O MP4-28 não foi tão competitivo quanto seu antecessor, o MP4-27. Apesar das melhorias durante a temporada, mantiveram-se ausentes do pódio, fato que não acontecia desde 1980. Apesar disso, um recorde foi marcado pela equipe: tornou-se a primeira na história a conseguir com que seus dois carros terminassem todos os Grandes Prêmios da temporada.
Com a Sauber introduzindo um sistema de exaustão que melhorou a aderência na parte traseira do C32, Nico Hulkenberg conseguiu ser, depois de Sebastian Vettel, o piloto que mais se destacou na segunda metade da temporada.
A Toro Rosso não fez mais do que prover um ambiente para que Daniel Ricicardo e Jean-Eric Vergne lutassem pela vaga que foi aberta na Red Bull Racing. O australiano venceu o duelo, sete pontos à frente do francês.
A Williams teve outro ano difícil, e tentou melhorar, substituindo sua equipe técnica no meio da temporada, mas não adiantou, marcou apenas cinco pontos. Só restou tentar tudo novamente em 2014, com Valtteri Bottas e Felipe Massa.
Já a luta pelo penúltimo lugar na tabela de construtores entre a Marussia e a Caterham foi mais acirrada do que pareceu. A confiabilidade do equipamento facilitou à equipe russa vencer a britânica pela primeira vez, e Jules Bianchi colocar um pouco do seu talento à prova.
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