Devido à aproximação da famosa data em que nos encontraríamos, primeiro de abril, mais conhecido como "Dia da Mentira" ou "Dia dos Bobos", a reação óbvia de quase todos seria sempre a mesma, de que apenas se tratava de uma pegadinha, em forma de jogada de marketing, para promover os carros elétricos da marca. Só que não foi bem assim que reagiram a imprensa e os especuladores das Bolsa de Valores.
Uma "fonte anônima muito próxima à cupula da Volkswagen" confirmou que a mudança de nome para Voltswagen não era uma piada. O informante em questão falou à Automotive News que a mudança de nome se refletiria apenas nas sucursais dos Estados Unidos, onde começariam a ser entregues as primeiras unidades de modelos elétricos da Volkswagen. A mudança de uma única letra não seria feita globalmente, e que a Voltswagen Of America continuaria sendo uma unidade operada pela Volkswagen Group Of America.
O suposto documento vazado ainda explicou como seriam as novas cores da marca: a empresa planejava manter o azul escuro do logotipo da VW para veículos movidos à combustão interna, e passaria a usar o azul claro para diferenciar a nova marca, centrada em carros elétricos.
A Automotive News enviou um e-mail para Scott Keogh, CEO da Volkswagen Of America, perguntando sobre o tal press release, que estaria datado em 29 de abril de 2021, mas não foi respondida. Além disso, outra fonte disse à USA Today que a mudança de nome para Voltswagen não seria apenas para fins de publicidade, ela seria permanente, para entrar de vez na competição do nicho de mercado de carros elétricos com a Tesla Motors.
A Motor1.com tentou entrar em contato com a Volkswagen para confirmar a informação e obter maiores detalhes, mas não obteve resposta da empresa. Também não houve nenhum registro de patente ou de marca sobre a palavra "Voltswagen".
Outro motivo para acreditar que tudo isto era apenas uma pegadinha de primeiro de abril é que mudar o nome de uma empresa custa caro, seja reimprimindo documentos que concessionárias usam para vender veículos, seja no âmbito da internet. Ou seja, vale a pena investir tanto dinheiro para trocar uma simples letra?
Isto sem contar o fato de que a Volkswagen ainda comercializa muitos modelos não possuem qualquer forma de eletrificação ou propulsão híbrida. Ao mesmo tempo que vários carros elétricos estão em via de chegar às vitrines dos Estados Unidos, o único modelo deste tipo existente por lá é o ID.4. Soma-se a isso ao depoimento do CEO da Volkswagen, Ralf Brandstätter, que disse que a marca ainda precisa vender carros movidos à pistão por um tempo, como os Golf, Passat, T-Roc e Tiguan.
A única possibilidade visível no horizonte é que a mudança seria apenas temporária, como aconteceu com a cidade de Wolfsburg, sede mundial da Volkswagen. Em 2003, em uma ação de publicidade com a marca, que estava lançando a quinta geração do Golf, o município alemão brevemente mudou seu nome para Golfsburg.
Além disso, o nome Voltswagen não é exatamente novo. Em 2013, a cidade de Oslo, capital da Noruega, recebeu placas publicitárias do lançamento da época, o novo Volkswagen e-Up!, modelo elétrico que seria comercializado por lá.
Nas Bolsas de Valores dos Estados Unidos, onde ações da Volkswagen Of America são negociadas, a notícia fez com que os papeis da empresa valorizassem 5% instantaneamente, com diversas injeções de dinheiro por parte de investidores. Até que foi descoberto por todos que tudo não passava de uma pegadinha de primeiro de abril
Então, as coisas saíram do controle, tanto que a Volkswagen precisou formalizar um pedido de desculpas. Seja a forma como a pegadinha foi arquitetada, a presença de nomes da alta cúpula da empresa, o momento mercadológico que vivemos, ou uma combinação de todos estes fatores, fez com que muitos acreditassem fielmente que a Voltswagen realmente existiria, e isto prova que o departamento de marketing da Volkswagen soube "mentir" muito bem.
Nunca o ditado "falem bem ou falem mal, mas falem de mim" foi tão bem executado na prática pela empresa alemã. Agora a Volkswagen é o principal assunto da imprensa automotiva, seja pelo lado bom ou ruim, e, com certeza, a semente plantada esta semana renderá frutos no futuro. Só nos resta saber qual será a qualidade deles.
E a imprensa, logo ela, que prima pelos cuidados com as chamadas fake news, caiu como um patinho na piada da Volkswagen, e agora está de recalque. Aos especuladores que acreditaram na brincadeira da empresa, só tenho uma palavra para dizer: lamento.
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