Tudo isto acontece por apenas um motivo: a Fórmula E é uma novidade. Está apenas no primeiro ano. É preciso perceber em quais lugares valeu a pena a categoria chegar e se essas cidades quererão uma segunda oportunidade de sediar uma etapa.
Jean Todt está sempre batendo ponto na Fórmula E para fazer propaganda do produto novo da FIA, já que no produto velho, a Fórmula 1, ele não pode mais botar a mão.
Agora, a partir do momento em que houver a possibilidade de as equipes produzirem o próprio equipamento, vai acontecer o natural: quem tem muito dinheiro vai estar sempre na frente. Consequentemente, a categoria vai perder notoriedade, assim como já aconteceu com a Fórmula 1.
Ainda mais em uma categoria como a Fórmula E, que possui carros que são lentos, não fazem barulho, possuem pneus ruins, e são necessários dois veículos por piloto.
Ou seja, a Fórmula E só é legal para quem corre, ou para aqueles "ecochatos" que não gostam de carro, só andam de bicicleta durante a semana, mas, nos finais de semana, vão para a balada de táxi.
As baterias de lítio são caríssimas, e quando se trata de uso em competições, é necessário trocá-las muitas vezes, sem falar naquelas que são usadas pelos sistemas de recuperação de energia instalados nos carros de Fórmula 1, conhecidos pelas siglas KERS e ERS.
Para produzir as baterias de lítio, é necessário o uso de grafite, que é extraído da natureza, em sua grande maioria, de cavernas na China. O processo de retirada do material gera uma fumaça que polui o meio ambiente da mesma maneira que a combustão de combustíveis como o petróleo, carvão ou lenha.
Sugiro que leia o artigo que mostra como a demanda por baterias para veículos elétricos está destruindo o meio ambiente chinês. Clique aqui e deixe a página carregar enquanto continua a ler este texto.
Além disso, a tecnologia comercializada pela Aquafuel para produzir eletricidade com geradores movidos à glicerina possui um custo altíssimo e proibitivo.
Enquanto as baterias de lítio não evoluírem ou usarem um elemento químico mais eficiente, a tecnologia de carros elétricos não melhorará.
É claro que o processo de desenvolvimento de qualquer tecnologia gera problemas dos mais diversos tipos. Agora, o fato das baterias de lítio atuais não fornecerem sequer 100 quilômetros de autonomia para os motores elétricos, gerando a necessidade do piloto trocar de carro no meio da corrida, demonstra que a Fórmula E chegou cedo demais para a tecnologia que pretende desenvolver e a proposta que planeja implantar.
Um carro anda pouco mais de 80 quilômetros em pouco mais de 20 minutos. Só pode andar novamente depois de uma carga de várias horas. Então é preciso dois carros. Aí são duas baterias, dois jogos de pneus, tudo em dobro. Isto vai na contramão da proposta que desejam ser implantada.
Ou a FIA quer apenas gerar créditos de carbono para si mesma? Vamos aos fatos.
A Redução Certificada de Emissões (RCE), populamente conhecida como "créditos de carbono", constitui-se de certificados emitidos para uma pessoa ou empresa que reduziu a sua emissão de gases do efeito estufa (GEE).
Acordos internacionais como o Protocolo de Kyoto determinam uma cota máxima de GEE que os países desenvolvidos podem emitir.
Os países, por sua vez, criam leis que restringem as emissões de GEE. Assim, aqueles países ou indústrias que não conseguem atingir as metas de reduções de emissões, tornam-se compradores de créditos de carbono.
Concluindo, a impressão que tenho é de que a FIA está fazendo nada mais que gerar créditos de carbono para vender, ou seja, a partir do dia que os créditos de carbono não forem mais um negócio rentável, tanto para a FIA como para a Aquafuel, a Fórmula E acaba.
E este dia não deve estar muito longe.
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