Fanzineiros do Século Passado - Capítulo 3: O fanzine e o rock independente dos anos 1990, na sala de aula, como objeto de pesquisa e divisor de águas (e o seu futuro)


Muitos encontros marcados.
80 depoimentos colhidos.
Vídeos circulando pelo correio e internet.
Horas e horas de gravação.
Muitas semanas decupando e editando.
E a jornada chega ao fim.

O que era uma simples pesquisa transformou-se em algo muito além do que eu poderia imaginar. Rendeu-me 3 capítulos de uma série de documentários que aborda a produção dos fanzines no Brasil por vários ângulos.

Virou referência de pesquisa. Ferramenta pedagógica. Estimulou muitas pessoas a começarem ou retomarem às produções impressas. Deu seu recado.

Não falou sobre tudo. Nem deveria. Nem teve essa intenção. A ideia era mesmo puxar a fila para que mais pessoas produzissem mais documentários com essa temática. Que até discordassem do que foi dito na série. Afinal, não temos a verdade absoluta. Que se crie a dialética!

Não. Não ganhei grana com isso. Tudo que entrou em caixa não bancou nem 10% do que foi gasto com telefone, internet, energia elétrica, combustível, fita magnética, cópias, embalagem, mídias, impressão, condução… E olha que nem falei de mão de obra, que inclui cursos de edição, manuseio, criatividade e abrir mão do lazer e a convivência com a família e amigos.

O único objetivo foi documentar o que se fez e se faz no fanzinato nacional. Sem amarras, sem ideologias, sem partidarismo, sem precisar pisar em cima de alguém. Registrar esse jeito peculiar de se comunicar, de formar redes, de fazer as pessoas se movimentarem, de promover cultura, de se expressar.

É óbvio que nem todo mundo entendeu isso. Normal. Quem poderia fazer algo do tipo sem visar lucro, sem querer aparecer, sem se promover? Quem? Poisé, há quem faça isso. E essa série é a prova mais clara disso.

E onde se quer chegar com tudo isso? Não sei. Só sei que o recado foi dado. O estopim foi aceso. O papo iniciado. Cabe agora quem quiser continuar a história. Pode (e deve) reiniciá-la. Recontá-la. Reinventá-la.

Bote uma filmadora debaixo o braço e saia registrando. Não dá conta? Chame amigos. Não tem câmera? Pegue emprestado. Não tem luz ou captação de som profissional? Faça da luz natural e do silêncio seus aliados. Não sabe gravar ou editar? Aprenda, fuçe, busque ajuda. O importante é registrar e espalhar o terror. Parece impossível? Foi assim que produzi a série.

Não espere que façam por você. Vai lá e faça. Afinal, se ninguém faz, façamos!

Márcio Sno

Fanzineiros do Século Passado - Capítulo 3: O fanzine e o rock independente dos anos 1990, na sala de aula, como objeto de pesquisa e divisor de águas (e o seu futuro)

Captação de imagens: Alex de Souza, Calvin Konno, Júlia Falci, Law Tissot, Márcio Sno, Marlos Alves, Xan Braz, Michael Meneses
Assistentes de Gravação: Alessandro Reinaldo, Calvin Konno, Douglas Utescher, Elydio dos Santos Neto, Paloma Diniz, Rodrigo Knoeller
Arte da Capa: Flávio Grão
Arte do DVD: Marcus Paulo Mikhail
Fanzine, Trilha Sonora, Organização, Direção e Edição: Márcio Sno

Duração: 59 minutos
Formato: Widescreem, colorido
Local/ano: São Paulo, Brasil, 2013

Confira os outros capítulos da série:

Capítulo 1 - As dificuldades para botar o bloco na rua e a rede social analógica
Capítulo 2 - O fanzine a serviço do rock, os fanzineiros desse século e os estímulos para a produção impressa
Capítulo 3: O fanzine e o rock independente dos anos 1990, na sala de aula, como objeto de pesquisa e divisor de águas (e o seu futuro)

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