Americo Teixeira Jr. escreveu um texto, falando sobre a primeira vitória de Nelson Ângelo Piquet na NASCAR Nationwide Series, a categoria de acesso à principal competição de stock cars estadunidense, dizendo que o feito é apenas dele e de mais ninguém. Coloco o texto abaixo, na íntegra:
O automobilismo brasileiro não tem o direito de pegar carona na vitória de Nelson Angelo Piquet
Por Americo Teixeira Jr. – Embora possa parecer poético e bonito afirmar que a vitória de Nelson Piquet, no último sábado em Road America, foi “a conquista de um país”, de “uma geração”, um “abrir de portas” para jovens pilotos brasileiros, na verdade, não foi nada disso. Foi uma vitória dele. Ponto final.
Não passa de licença poética pautar o Brasil como tendo uma “nova geração” para o automobilismo. É como se houvesse um esforço nacional, liderado pelos dirigentes do automobilismo brasileiro e empresas do setor, lutando para assim fazê-lo. Não há e os que estão aí, por méritos próprios, galgam posições exclusivamente com seus esforços e ferramentas.
O que vimos foi mais uma demonstração individual de um jovem que, com talento e suporte condizentes, chegou ao topo e, em seguida, estatelou-se no chão. Se o Gande Prêmio de Singapura está no seu currículo como uma mancha, envolveu-se nessa situação por imaturidade e incapacidade de lidar com um chefe de equipe polêmico e, ao final, banido da Fórmula 1, como foi o caso de Flavio Briatore.
Rico e bem formado, poderia ter “guardado a viola no saco” e ido “chorar suas mágoas” em alguma ilha ensolarada e paradisíaca em qualquer lugar do mundo. Não, preferiu começar de novo, lá de baixo, em categorias de acesso à Nascar. Deixou o glamour de Monaco para se enfiar na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Vive e respira 24 horas por dia o clima de Charlotte e região, o “centro nervoso” da Nascar, onde estão instaladas muitas de suas equipes (Charlotte é para a Nascar o que Indianapolis é para a IndyCar).
Ir ao pódio é uma delícia. Dar zerinhos depois da bandeirada, então, é demais. Mas nada disso acontece sem trabalho, trabalho e trabalho. É claro que não adianta “ralar o dito cujo na ostra” sem suporte de qualquer espécie. Como também não adianta o cara ter todas as condições, mas ser grosso e preguiçoso. Há de ter uma combinação equilibrada e perfeita de todos esses fatores.
Foi isso que fez Nelson Piquet. Soube tirar o máximo proveito do suporte que teve ao seu dispor, mostrou disposição para acordar cedo e “sair pro pau”, além de sentar em qualquer carro com o mesmo tesão, como se estivesse disputando uma vitória na Fórmula 1. E, tudo isso, muito na dele. Se o pai é adoravelmente sem “papas na língua”, Nelson Angelo é super discreto.
Então, por tudo isso, a vitória de sábado não foi do automobilismo brasileiro, da geração ou um ato de “abrir portas”. Foi, sim, uma vitória de Nelson Angelo Piquet, um rapaz sobre cuja cabeça o “mundo caiu”, mas que soube fazer uma releitura de sua vida e seus valores. Alguém, ao que parece, está encontrando o “graal” de uma vida, o que realmente importa, que é ser feliz.
Diário Motorsport
E se ele tivesse vencido na Fórmula 1, deixaria de ser uma vitória apenas dele?
Então, por que o automobilismo brasileiro não tem o direito de pegar carona na vitória de Nelson Ângelo Piquet?
Ainda mais pelo fato de que estamos na iminência de não ver mais brasileiros na categoria máxima do automobilismo. O pessoal daqui precisa perceber que há mais opções além da Fórmula 1 e da Stock Car Brasil, categorias "Globalizadas".
O brasileiro não gosta de Fórmula 1, de Copa do Mundo, de UFC, ele gosta é de ver brasileiro ganhando. Pode ser até no mundial de cricket, esporte que ele não entende bulhufas, mas se tem brasileiro ganhando, está ótimo.
Se Nelson Piquet Jr. tivesse sido menos afobado, começando numa equipe como a Toro Rosso, por exemplo, e não logo na Renault, do jeito que a equipe estava, não teria a sua chance sido queimada tão rápido.
No entanto, foi uma manobra arrogante de Nelsinho, que achou que poderia bater peito com ninguém menos que Fernando Alonso e Flavio Briatore, que estavam feito "unha e carne" naquela época. Para quem chegou até a Fórmula 1 apenas usando do aporte de seu pai, que criou uma equipe de competição para ver seu filho chegar até lá, faltou o apoio emocional para encarar as dificuldades que enfrentaria. Sobre isso, escrevi algo na época.
O automobilismo brasileiro não tem o direito de pegar carona na vitória de Nelson Angelo Piquet?
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Nelson Piquet Jr.
Publicado: quinta-feira, 28 de junho de 2012 às 21:30
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