O mercado de comunicação e de marketing digital é sem dúvida um dos que mais crescem no Brasil. Agora mais de 75 milhões de pessoas estão na web e, de acordo com um estudo, a classe C está altamente valorizada pelas marcas devido ao seu alto poder de consumo, além de ser a classe que representa 52% dos acessos no Brasil.
Os jovens estão cada vez mais conectados, passamos mais tempo na frente do PC do que da TV, e a popularização da banda larga no país está levando os anunciantes a repensar o papel da web em suas estratégias de marketing.
Para as marcas que trabalham bem o canal, e atualmente já temos várias delas, o retorno tem sido de ótimo para excelente. Vendas aumentam, o reconhecimento de marca também segue a mesma proporção, pessoas falam melhor das marcas nas redes sociais, crescimento de vendas online, melhora da reputação de marca e no relacionamento com cliente. A consequência disso é o aumento no lucro da empresa.
Ainda estamos engatinhando na web, nem todas as marcas conseguem enxergar o potencial e a melhor forma de trabalhar direcionado para o meio digital, mas é indiscutível que a evolução nesses últimos três anos é enorme.
Vamos citar um exemplo: o Fiat Mio, um case de interação, relacionamento e inovação - sem pensar em vendas diretas do produto, que, aliás, nem será vendido.
Mesmo assim, o ganho em base de dados de clientes é impressionante. Se as pessoas não quisessem falar, se expor, saber o que está acontecendo, opinar, interagir, indicar, o Facebook seria apenas uma produto para arrumar namorada em Harvard.
Com todo esse crescimento, o mercado está cada dia mais aquecido. Para quem trabalha na área, sabe o quanto as agências estão contratando, ou melhor, querendo contratar.
Os anunciantes estão mudando o posicionamento em relação ao meio e também montando departamentos dentro das empresas para atender exclusivamente o digital, além de trabalhar em parceria com as agências digitais.
Esse é um movimento crescente que não tem data para acabar, mas, como sempre, nem tudo é perfeito.
Por mais que haja demanda, não existem ainda profissionais suficientes no mercado. E por que isso? Primeiro porque as faculdades estão atrasadas. Como disse no começo deste texto, os jovens estão cada vez mais conectados e aí vivemos um grande paradoxo.
As faculdades têm como público-alvo jovens de 17 a 19 anos. Sabe-se que esse público é heavy user de internet (isso sem falar de mobile, games, blogs, etc.). As faculdades investem pesado em mídia online na época de vestibular, mas por que os cursos de comunicação, publicidade, marketing e propaganda não ensinam sobre web?
O que está acontecendo é que muitos jovens estão chegando ao mercado com a visão de que sabem tudo sobre web simplesmente porque conseguem baixar um filme no Torrent, ou porque têm 2 mil amigos no Facebook ou então porque fizeram um vídeo no YouTube que possui 10 mil visualizações.
Mas o que esses jovens sabem sobre estratégias digitais? O que eles conhecem sobre comportamento do consumidor? E sobre a compra de banner em home de portal? E aplicativos para iPhone? Sabem sobre arquitetura de informação ou design estratégico? Não! E onde deveriam aprender? Na faculdade, que não ensina nada sobre web.
Algumas universidades têm aberto cursos de curta e média duração voltados ao mercado digital. Não é difícil ver esses cursos lotados ou recebendo turmas extras porque a procura foi grande.
Já existem faculdades com cursos de pós-graduação em marketing digital, o problema é que o aluno passa 4 anos sem ver nada de estratégia para chegar em uma pós e tentar entender alguma coisa sobre o assunto.
Uma pós parte do princípio de "especialização", na qual aluno já tem conhecimento e quer aprofundar, mas isso nem sempre ocorre.
No momento, dou aula na pós de planejamento de Marketing Digital em uma faculdade em São Paulo e acompanho de perto um pessoal bem motivado com o crescimento da web. Profissionais que querem fazer a diferença, crescendo no mercado por talento, vontade e porque correm atrás. Isso é válido e essencial, mas ainda reforço que é necessário uma base para que o sucesso profissional venha mais rápido.
Quando veremos as faculdades saírem do marasmo e olharem para um futuro que já começou?
iMasters
A falta de bons profissionais no marketing digital: de quem é a culpa?
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Publicado: quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011 às 12:22
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