Ayrton Senna da Silva foi tricampeão mundial de Fórmula 1 em 1988, 1990 e 1991, e vice-campeão em 1989 e 1993. Faleceu no Autódromo Enzo e Dino Ferrari, em Ímola, durante o Grande Prêmio de San Marino de 1994.
Seu excelente desempenho nas fórmulas anteriores, especialmente na Fórmula 3 inglesa, em 1983, o levou a estrear na Fórmula 1, em 1984, no Grande Prêmio do Brasil, pela equipe Toleman-Hart.
Logo na sua primeira temporada na categoria máxima, Senna demonstrou um talento excepcional, levando a pequena equipe inglesa a obter resultados jamais alcançados. É considerado um dos maiores nomes do esporte brasileiro e um dos maiores pilotos da história do automobilismo.
Nascido na capital paulista, filho do rico empresário Milton, Ayrton logo se interessou por automóveis. Aos quatro anos de idade, incentivado pelo pai, ganhou o seu primeiro kart, feito pelo próprio pai, e que tinha um motor de máquina de cortar grama. A habilidade do garoto na condução do novo brinquedo impressionou a família. Aos nove anos, já conduzia jipes pelas precárias estradas existentes no interior das propriedades do pai.
Começou a competir oficialmente nas provas de kart aos treze anos. Depois de terminar como segundo colocado em várias ocasiões, em 1977 ganhou o Campeonato Sulamericano de Kart.
Em 1981, começou a competir na Europa, ganhando o campeonato inglês de Fórmula Ford 1600 e, no ano seguinte, os campeonatos europeu e britânico de Fórmula 2000. Nessa época, adotou o nome de solteira da mãe, Senna, pois Silva é um nome bastante comum no Brasil.
Em 1983, Senna ganhou o campeonato inglês de Fórmula 3, depois de muita luta e, muitas vezes controversa, batalha com Martin Brundle. Também triunfou no prestigioso Grande Prêmio de Macau, pela Teddy Yip's Theodore Racing Team, diretamente relacionado à equipe que o conduziu à F3 britânica.
Neste último campeonato, após várias vitórias em Silverstone, a imprensa inglesa especializada chegou a chamar o circuito de "Silvastone", em homenagem a Ayrton.
Senna atraiu a atenção de diversas equipes de Fórmula 1, como Williams, McLaren, Brabham e Toleman. Ao contrário do que se imagina, seu compatriota brasileiro, Nelson Piquet, não se opôs à sua contratação pela Brabham. A patrocinadora da equipe, a Parmalat, tinha mais interesse em ter um piloto italiano na equipe do que ter dois brasileiros, influenciando na decisão da equipe em contratar o piloto italiano Teo Fabi. Senna, imaginando que Piquet tinha mais influência na equipe, ficou ressentido declarando em uma entrevista que "Piquet não ajudou e nem atrapalhou", dando a entender de que sua ida à Brabham foi vetada pelo então bicampeão mundial.
Assim, das três remanescentes, apenas a pequena Toleman ofereceu a ele um carro para disputar o ano de 1984.
Senna marcou seu primeiro ponto logo no segundo Grande Prêmio que disputou, em Kyalami, na África do Sul. Ele repetiu o resultado duas semanas depois, no Grande Prêmio da Bélgica, disputado no circuito de Zolder. Uma semana depois, o piloto brasileiro não conseguiu tempo para o Grande Prêmio de San Marino. Foi a única vez na carreira que isso aconteceu.
Mas sua performance no GP de Mônaco em 1984 trouxe-lhe todas as atenções das demais equipes. Classificou-se em 13º no grid de largada e fez um rápido progresso através das estreitas ruas de Monte Carlo. Na volta 19, passou Niki Lauda que estava em segundo, e começou a ameaçar o líder Alain Prost, e continuou por várias voltas lutando pelo primeiro lugar com seu limitado Toleman. A esta altura já chovia muito no circuito e a corrida foi interrompida na volta 31 por razões de segurança. Senna chegou a comemorar a vitória ultrapassando Alain Prost a poucos metros da linha de chegada mas, nesses casos, o regulamento mandava considerar as colocações da volta anterior e, ainda, por ter sido interrompida com mais da metade da corrida, os pontos deveriam ser computados pela metade.
A interrupção do GP de Mônaco de 1984, pouco antes de Prost ser ultrapassado, foi considerado pela imprensa como uma manobra do diretor da prova, Jacques Bernard "Jacky" Ickx, ex-piloto belga de Fórmula 1, para "ajudar" seu amigo francês. Pelo regulamento, a corrida tendo sido encerrada antes de 75% do total de voltas, os pontos foram computados pela metade. Prost somou 4,5 pontos. Por ironia do destino, no final do ano, ele perdeu o campeonato para Lauda por apenas meio ponto. Caso ele tivesse obtido o segundo lugar, e a prova tivesse ido até o final ou sido encerrada com mais de três quartos do total de voltas, ele teria feito 6 pontos e ganhado o título.
Senna ainda ganhou dois pódiums naquele ano, um terceiro no Grande Prêmio da Inglaterra, em Brands Hatch, e no GP de Portugal, em Estoril. Isso o deixou empatado com Nigel Mansell com 13 pontos, apesar de ter perdido o GP da Itália, quando a Toleman o suspendeu de correr por quebra de contrato, depois dele ter assinado com a Lotus para o ano de 1985.
Ainda em 1984 Senna participou dos 1000 km de Nürburgring, onde pilotou o Porsche 956, obtendo o oitavo lugar, em parceria com Henri Pescarolo e Stefan Johansson.
Também participou de uma corrida de exibição para celebrar a inauguração do novo circuito de Nürburgring. A maioria dos melhores pilotos da F1 participaram do evento, dirigindo carros Mercedes 190e 2.3-16 idênticos. Senna venceu Lauda e Carlos Reutemann.
Na Lotus, em 1985, ele tinha como parceiro o italiano Elio de Angelis. Senna marcou sua primeira pole position na abertura da temporada, no Brasil, no circuito de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, mas abandonou a prova devido a problemas elétricos.
Na segunda corrida do ano, o GP de Portugal, disputado no autódromo de Estoril, em 21 de abril de 1985, conseguiu sua primeira vitória na Fórmula 1, largando na pole position, sob pesada chuva. Prost, em segundo, abandonou depois de bater no muro. Senna conseguiu sua segunda vitória, também sob chuva, no GP da Bélgica, no circuito de Spa-Francorchamps.
Graças ao excelente motor Renault de treinos, Senna passaria a ser o "rei das pole positions". Mas, nas pistas, ele não terminou a maioria dos grandes prêmios. Encerraria o ano com uma corrida marcante, no GP da Austrália, quando repetiu seu ídolo Gilles Villeneuve, pilotando um bom tempo sem o bico do carro, saindo várias vezes da pista mas mantendo a segunda posição. O carro mais uma vez não aguentou o esforço e Senna abandonou a corrida.
Senna terminou a temporada de 1985 em quarto lugar no Mundial de Pilotos, com 38 pontos e seis pódios, com duas vitórias, dois segundos e dois terceiros lugares, além de sete pole positions.
Em 1986, Ayrton escolheu Johnny Dumfries como parceiro, vetando o inglês Derek Warwick, sob a alegação de que a Lotus não tinha condições de manter carros competitivos para dois pilotos de ponta ao mesmo tempo.
A nova Lotus 98T mostrou ser mais confiável, e a temporada começou bem para Senna, terminando em segundo a corrida vencida pelo também brasileiro Nelson Piquet, numa dobradinha caseira, no GP do Brasil, em Jacarepaguá. Reconhecendo estar com um carro inferior aos das Williams e McLaren, Senna passou a adotar uma estratégia de não parar para trocar pneus, buscando ficar na frente dos adversários o maior tempo possível. Com essa tática ele passou a liderar o campeonato pela primeira vez na carreira, depois de vencer o GP da Espanha, em Jerez de la Frontera, no qual bateu a Williams de Nigel Mansell por 0,014s, uma das menores diferenças de chegada da história da F1.
Mas a liderança do campeonato não foi mantida por muito tempo, já que Senna abandonou diversas outras corridas por problemas mecânicos. A caça ao primeiro título mundial acabou sendo uma luta entre Prost, da McLaren-TAG, e a dupla Piquet e Mansell, da Williams-Honda.
Na Hungria, um circuito ainda mais travado, repetiu uma vez mais a estratégia, mas foi ultrapassado por Nelson Piquet, numa das mais sensacionais manobras da história da Fórmula 1 moderna.
Ainda nesse ano, Senna se tornaria definitivamente um ídolo no Brasil, ao conquistar sua segunda vitória na temporada, no GP dos Estados Unidos, disputado em Detroit, e terminou o campeonato novamente na quarta colocação, com 55 pontos, oito poles e seis pódios.
O ano de 1987 veio com muitas promessas de dias melhores. A Lotus tinha agora o mesmo poder dos motores Honda das Williams, depois que a Renault decidira se retirar da Fórmula 1. Depois de um começo lento, Senna ganhou duas corridas em seguida, o prestigioso GP de Mônaco, e o GP dos Estados Unidos, em Detroit, também pelo segundo ano seguido, e mais uma vez chegou à liderança do campeonato. Nesse momento, a Lotus-Honda 99T parecia ser igual aos ótimos Williams-Honda, mais uma vez pilotados por Piquet e Mansell. Mas, apesar da performance do 99T, que usava a tecnologia da suspensão ativa, as Williams FW11B de Piquet e Mansell eram ainda carros a serem batidos. A diferença entre as duas equipes nunca foi tão evidente quanto no GP da Inglaterra de 1987, em Silverstone, onde Mansell e Piquet voaram sobre as Lotus de Senna e seu parceiro, Satoru Nakajima. Depois de rodar na pista devido a uma falha na embreagem, a três voltas do final no GP do México, Senna ficou fora da luta pelo campeonato, deixando Piquet e Mansell brigando por ele nas últimas duas corridas.
Mansell feriu-se nas costas em um grave acidente durante os treinos para o GP do Japão de 1987, em Suzuka, deixando o campeonato nas mãos de Piquet. Entretanto, isso significava que Senna poderia terminar a temporada em segundo lugar se ele terminasse a corrida entre os três primeiros nas duas corridas que faltavam, Japão e Austrália. Ele terminou as duas em segundo, mas as medições feitas no carro depois do GP da Austrália constataram que os dutos dos freios eram mais largos do que o permitido pelo regulamento e Senna foi desclassificado, dando à Lotus a sua última bem sucedida temporada. Ele acabou classificado em terceiro na colocação final, com 57 pontos, uma pole, oito pódios, duas vitórias, quatro segundos e dois terceiros lugares. Essa temporada marcou uma reviravolta na carreira de Senna, depois dele ter construído uma profunda relação com a Honda, que lhe rendeu grandes dividendos. Ayrton foi contratado pela McLaren, que acertou com a Honda o fornecimento de motores V6 Turbo para 1988.
Em 1988, as McLaren-Honda ostentavam os números 11 e 12, desta vez com a dupla Alain Prost e Ayrton Senna. A feroz competição entre Senna e Prost fez rachar a relação entre os dois e culminou com um alto número de dramáticos acidentes entre eles. A dupla venceu 15 das 16 corridas disputadas, e Senna conquistou seu primeiro campeonato mundial.
Senna teria a McLaren MP4/5 em 1989. Nesse ano, a rivalidade entre ele e Prost intensificou as batalhas na pista e uma grande guerra psicológica. Prost conquistou o tri-campeonato em 1989 depois de uma colisão com Senna durante o GP do Japão, em Suzuka, penúltima corrida da temporada, e que Senna precisava vencer para ter chances de conquistar o campeonato mundial. Senna tentou ultrapassar Prost na chicane, os dois tocaram os pneus e foram para fora da pista com os carros entrelaçados. Senna retornou à pista auxiliado pelos fiscais, que empurraram seu carro, pois o motor havia apagado e ele foi direto aos boxes para reparar o bico do carro danificado na manobra. Voltando à pista, tirou a liderança de Alessandro Nannini, da Benetton, e chegou em primeiro, sendo desclassificado pela FIA por cortar a chicane depois da colisão com Prost. A penalização e a suspensão temporária de sua superlicença, habilitação para pilotar carros de F1, fez com que Senna travasse uma batalha de palavras com a FIA e seu presidente Jean-Marie Balestre.
Na reforma do autodromo de Interlagos, em 1990, uma mudança radical do traçado foi proposta, para seguir as regras de limites de distância de um circuito da FIA, e uma grande curva inclinada foi sugerida para ligar a reta dos boxes à curva do sol. Ayrton propôs um "S" que ligasse as duas retas, daí o nome de "S do Senna", pelo design do tricampeão, e não somente uma homenagem dada a ele.
Em 1990, em Suzuka, e com os dois pilotos novamente disputando o título mundial, Senna tirou a pole de Prost. A pole em Suzuka ficava no lado direito da pista, na parte suja. A Ferrari de Prost fez uma largada melhor e pulou à frente da McLaren de Senna. Senna colocou agressivamente seu carro na linha de tangência enquanto Prost fazia a curva, e a McLaren tocou a roda traseira da Ferrari de Prost a 270 km/h, levando os dois carros para fora da pista. Ao contrário do ano anterior, desta vez o abandono dos pilotos deu a Senna o seu segundo título mundial.
Um ano mais tarde, depois de conquistar seu terceiro título mundial, Senna explicou à imprensa o que acontecera no ano anterior em Suzuka. Ele tinha como prioridade conseguir a pole pois havia recebido informações seguras de que esta mudaria de lado, passando para a esquerda, o lado limpo da pista, somente para descobrir que essa decisão havia sido revertida por Balestre depois que ele conquistara a pole. Explicando a colisão com Prost, Senna disse que queria deixar claro que ele nunca iria aceitar as decisões injustas de Balestre, incluindo a sua desclassificação em 1989 e a pole de 1990.
"Eu acho que o que aconteceu em 1989 foi imperdoável e eu nunca irei esquecer isso. Eu me empenho em lutar até hoje. Você sabe o que aconteceu aqui: Prost e eu batemos na chicane, quando ele virou sobre mim. Apesar disso, eu voltei à pista, ganhei, e eles decidiram contra mim, o que não foi justo. E o que aconteceu depois foi 'teatro', mas eu não sei o que pensei. Se você faz isso, você será penalizado, multado e talvez perca sua licença. Essa é a forma correta de trabalhar? Não. Em Suzuka, no ano passado, eu pedi aos organizadores para trocar o lado da pole. Não foi justo, porque o lado direito é sempre o sujo. Você se esforça pela pole e é penalizado por isso. E eles dizem: 'Sim, sem problema.' E depois o que acontece? Balestre dá a ordem para não mudar nada. Eu sei como o sistema funciona e eu pensei que foi mesmo uma merda. Então eu disse a mim mesmo: 'Ok, aconteça o que acontecer, eu vou entrar na primeira curva antes - Eu não estava preparado para deixar Alain Prost chegar na curva antes de mim. Se eu estou perto o suficiente dele, ele não poderá virar na minha frente, e ele será obrigado a me deixar seguir.' Eu não me importo em bater; eu fui para isso. E ele não quis perder a chance, virou e batemos. Foi inevitável. Tinha que acontecer. 'Então você deixou isso acontecer', alguém diria. 'Por que eu causaria isso?'. Se você se ferrar cada vez que estiver fazendo o seu trabalho limpo, conforme o sistema, o que você faz? Volta para trás e diz 'obrigado'? De jeito nenhum! Você deve lutar para o que você acha que é certo. Se a pole estivesse colocada na esquerda, eu teria chegado na frente na primeira curva, sem problemas. Que foi uma péssima decisão manter a pole na direita, e isso foi influenciado pelo Balestre, isso foi. E o resultado foi que aconteceu na primeira curva. Eu posso ter contribuído, mas não foi minha responsabilidade."
Ainda em 1991, Ayrton Senna seria protagonista de sua primeira, e fantástica, vitória em GPs no Brasil. Liderando a prova com larga vantagem para Ricardo Patrese, perde todas as marchas, com exceção da sexta, da caixa de câmbio de seu McLaren. Senna teve que fazer tanto esforço para trazer o carro para a vitória que precisou de auxílio dos fiscais de prova para sair do carro e subir ao pódio.
O GP do Japão, em Suzuka, se tornaria, para variar, o palco de mais um título de Ayrton Senna. Gerhard Berger, companheiro de equipe do brasileiro, largou na pole e manteve a liderança. Ayrton Senna vinha em 2º, e Nigel Mansell, em 3º. O piloto austríaco se distanciava dos dois pilotos. O mais importante, na prova, é a disputa entre Senna e Mansell. No início da 10ª volta, na tentativa desesperada de superá-lo no final da reta dos boxes, Mansell perde o controle do seu carro, atola na caixa de brita e abandona a prova. Era o fim do campeonato e a conquista do terceiro título de Ayrton Senna, com uma prova de antecedência. A partir daí, os dois pilotos da McLaren fazem uma corrida particular. Na 18ª volta, Senna ultrapassa Berger para vencê-la. Parecia que a conquista seria com uma vitória, mas, na parte final da corrida, a equipe comunica pelo rádio ao piloto brasileiro para que aliviasse o pé no acelerador porque Berger vai ultrapassá-lo e ganhar o Grande Prêmio. Na última curva da última volta, Senna cede a posição para Berger vencer a prova. Um desfecho de campeonato esportista de Ayrton Senna.
Em 1992, Senna estava determinado a vencer, apesar do desânimo na McLaren com o Williams FW14B, o melhor carro da temporada. Senna chegou até a cogitar correr na Fórmula Indy. O novo carro da McLaren, o modelo MP4-7A, para a temporada, tinha diversas falhas.
Houve um atraso em fazer o novo carro. Ele estreou na terceira corrida, no GP do Brasil. Além da carência de confiabilidade da suspensão ativa, que deixava o carro imprevisível nas curvas rápidas, os motores Honda V12 não eram os mais potentes. Senna venceu em Mônaco, Hungria e Itália naquele ano, e acabou o campeonato num modesto quarto lugar, perdendo o terceiro para Michael Schumacher na última corrida.
Senna demorou muito a decidir o que fazer em 1993, e chegou ao final do ano sem ser contratado por nenhuma equipe. Ele sentiu que os carros da McLaren não seriam competitivos, especialmente depois que a Honda resolveu se retirar da F1 no final de 1992, e não poderia ir para a Williams enquanto Prost estivesse por lá, pois o contrato dele proibia a equipe de ter Senna como seu parceiro.
Ron Dennis, chefe da McLaren, estava tentando assegurar um fornecimento de motores Renault V10 para 1993. Com a recusa da Renault, a McLaren foi obrigada a pegar os motores Ford V8 como um cliente comum. Dessa forma, a McLaren recebeu versões de motores mais velhas do que os clientes preferenciais da Ford, como a Benetton, e tentou compensar essa deficiência de potência com mais tecnologia e sofisticação, inclusive um sistema efetivo de suspensão ativa. Dennis finalmente persuadiu Senna a voltar para a McLaren, mas o brasileiro concordou somente em assinar para a primeira corrida da temporada, na África do Sul, onde ele iria verificar se os carros da McLaren eram competitivos o bastante para lhe proporcionar uma boa temporada.
Senna concluiu que esse novo carro tinha um surpreendente potencial mas ainda estava abaixo da potência, e não seria páreo para a Williams-Renault de Prost. Senna decidiu não assinar por uma temporada e sim por cada corrida a ser disputada. Eventualmente ele poderia permanecer por um ano, apesar de que algumas fontes afirmarem que isso foi mais um jogo de marketing entre Dennis e Senna.
Depois de terminar em segundo na corrida de abertura da temporada, na África do Sul, Senna ganhou os GPs do Brasil e da Europa, na chuva. Esta última é lembrada como sendo uma de suas maiores vitórias na F1. Ele largou em quarto e caiu para quinto na primeira curva, mas já estava liderando antes da primeira volta ser completada. Alguns pilotos precisaram de sete pit stops para trocar os pneus de chuva para lisos, dependendo das mudanças climáticas ao longo da corrida. Senna foi segundo na Espanha, e quebrou o recorde de seis vitórias em Mônaco, o que lhe fez jus ao antigo apelido de Graham Hill, "Mister Mônaco". Na sexta corrida da temporada, Senna liderou o campeonato, à frente da Williams-Renault de Prost e da Benetton de Michael Schumacher, apesar da inferioridade dos motores da McLaren. A cada corrida, as Williams de Prost e Damon Hill mostravam a superioridade, com Prost caminhando para o campeonato, enquanto Hill mantinha os segundos lugares. Senna concluiu a temporada e sua carreira na McLaren com duas vitórias, no Japão e Austrália, e ficou com a segunda colocação na classificação geral. A penúltima corrida da temporada foi marcada por um incidente entre Eddie Irvine e Senna, iniciado numa manobra do piloto da Jordan. O brasileiro, inflamado, foi aos boxes e agrediu o irlandês.
Senna já havia tentado entrar para a Williams em 1993, mas foi impedido por Prost, que vetou seu nome. Senna se ofereceu para pilotar de graça, pois queria fazer parte da vencedora equipe Williams-Renault, mas foi impedido por uma cláusula no contrato do francês, que impedia o brasileiro de entrar para a equipe. Porém, essa cláusula não se estenderia até 1994, o que fez Prost se retirar das corridas um ano, antes de vencer seu contrato, para não ter seu principal rival como companheiro de equipe. Em 1994, Senna finalmente assinou com a equipe Williams-Renault.
Senna agora estava na equipe que havia ganho os dois campeonatos anteriores com um veículo muito superior aos demais. Era natural que, na pré-temporada, ele fosse considerado o favorito ao título, acompanhado de Damon Hill, que, naturalmente, faria o papel de coadjuvante. Prost, Senna e Hill haviam ganho todas as corridas, exceto uma, vencida por Michael Schumacher.
A pré-temporada de testes mostrou que o carro era rápido, mas difícil de dirigir. A FIA havia banido os sistemas eletrônicos, incluindo a suspensão ativa, o controle de tração e os freios ABS, para fazer o esporte mais "humano". A Williams não se mostrou um carro equilibrado no início da temporada. O próprio Senna fez várias declarações que o carro era instável e desajeitado, indicando que o FW16, depois de perder a suspensão ativa, os ABS e o controle de tração, entre outras coisas, já não oferecia a mesma superioridade mostrada pelos FW15C e FW14B dos anos anteriores. Apesar de menor potência, a equipe Benetton pilotada por Schumacher apontou como maior rival.
A primeira corrida da temporada 1994 foi no Brasil, em Interlagos, e Senna fez a pole. Na corrida, Senna assumiu a ponta, mas Schumacher, com a Benetton, tomou a liderança, depois de passar Senna nos boxes. Senna, determinado a vencer no Brasil, errou e rodou na curva da Junção, e ficou encalhado na zebra, abandonando a prova.
A segunda prova foi no Grande Prêmio do Pacífico, em Aida, no Japão. Senna ganhou a pole. Porém, envolveu-se numa colisão, já na primeira curva. Ele foi tocado por trás por Mika Häkkinen, e sua corrida acabou definitivamente, quando a Ferrari de Nicola Larini também bateu na sua Williams. Seu companheiro de equipe, Damon Hill, terminou em segundo, e Schumacher venceu novamente.
Este foi o seu pior início de temporada de F1, falhando por não terminar e não pontuar nas duas primeiras corridas. Schumacher, com sua Benetton, liderava o campeonato, com vinte pontos.
Luca Di Montezemolo, diretor da Ferrari naquela ocasião, informou que Senna veio até ele, na quinta-feira anterior à prova de Ímola, e elogiou a Ferrari pela batalha contra os eletrônicos na F1. Senna disse também que gostaria de encerrar sua carreira correndo pela Ferrari.
Na terceira corrida da temporada, o GP de San Marino, em Ímola, Senna conquistou a pole, mas o fim de semana não seria tão fácil. Ele estava particularmente preocupado com dois acontecimentos.
Um deles, na sexta-feira, durante a sessão de qualificação da tarde, um novato, protegido de Senna e também brasileiro, Rubens Barrichello, envolveu-se num grave acidente em que perdeu o controle de sua Jordan, passou por cima de uma zebra e voou da pista, chocando-se violentamente contra uma barreira de pneus.
Felizmente, Barrichello saiu desse acidente com pequenas escoriações e o nariz quebrado, ferimento suficiente para impedí-lo de correr no domingo. Senna visitou seu amigo no hospital, pulando o muro, depois que foi impedido de visitá-lo pelos médicos, e ficou convencido de que as normas de segurança deveriam ser revisadas.
O segundo ocorreu no sábado, durante os treinos livres, quando o austríaco Roland Ratzenberger, correndo pela Simtek, bateu violentamente na curva Villeneuve, num acidente que começou a se formar na fatídica curva Tamburello, quando a asa dianteira de seu carro se soltou, fazendo-o perder o controle do veículo. Levado ao Hospital Maggiore de Bolonha, ele faleceu minutos depois. Essa foi a primeira morte de um piloto na pista em dez anos, desde que a FIA adotara sérias medidas de segurança, e a primeira que Senna presenciou na Fórmula 1. Essa tragédia reforçou as preocupações de Senna com segurança, levando-o até mesmo a reconsiderar sua permanência na Fórmula 1. Senna visitou o local do acidente, e essa ousadia lhe custou mais uma advertência e algum desgaste na sua atribulada relação com a FIA.
Senna passou o final da manhã reunido com outros pilotos, determinado a recriar a antiga Comissão de Segurança dos Pilotos, a fim de melhorar a segurança na F1. Como um dos pilotos mais velhos, ele se ofereceu para liderar esses esforços.
Apesar de tudo, Senna e todos os outros pilotos concordaram em correr. Ele saiu em primeiro, mas J. J. Lehto deixou morrer sua Benetton, fazendo os outros pilotos desviarem dele. Pedro Lamy, da Lotus-Mugen, bateu na parte traseira de Lehto, o que levou o safety car à pista por cinco voltas.
A corrida foi reiniciada na sétima volta, e Senna fez a terceira melhor volta da corrida, seguido por Schumacher. Senna iniciara o que seria a sua última volta. Ele entrou na curva Tamburello e perdeu o controle do carro, seguindo reto e chocando-se violentamente contra o muro de concreto. A telemetria mostrou que Senna, ao notar o descontrole do carro, ainda conseguiu, nessa fração de segundo, reduzir a velocidade de 300 para 200 km/h. Os oficiais de pista chegaram à cena do acidente e, ao perceber a gravidade, esperaram a equipe médica. Por um momento, a cabeça de Senna se mexeu levemente, e o mundo, que assistia pela TV, imaginou que ele estivesse bem, mas esse movimento havia sido causado por um profundo dano cerebral. Senna foi removido de seu carro pelo Professor Sidney Watkins, neurocirurgião de renome mundial, pertencente aos quadros da Comissão Médica e de Segurança da Fórmula 1, e chefe da equipe médica da corrida, e recebeu os primeiros socorros ainda na pista, ao lado de seu carro destruído, antes de ser levado de helicóptero para o Hospital Maggiore de Bolonha, onde, poucas horas depois, foi declarado morto. Mais tarde, o Professor Watkins declarou:
"Ele estava sereno. Eu levantei suas pálpebras, e estava claro, por suas pupilas, que ele teve um ferimento maciço no cérebro. Nós o tiramos do cockpit e o pusemos no chão. Embora eu seja totalmente agnóstico, eu senti sua alma partir nesse momento."
Foi encontrado no carro de Ayrton Senna uma bandeira da Áustria, que, em caso de uma possível vitória, o brasileiro a empunharia, em homenagem ao austríaco Roland Ratzenberger, morto um dia antes.
Foi um GP trágico. Além do acidente de Barrichello e das mortes de Senna e Ratzenberger, o acidente entre J. J. Lehto e Pedro Lamy fez arremessar dois pneus para a arquibancada, ferindo vários torcedores. O italiano Michele Alboreto, da Minardi, perdeu um pneu na entrada dos boxes e se chocou contra os mecânicos da Ferrari, ferindo também um mecânico da Lotus.
Não bastando isso, durante alguns minutos, as comunicações no circuito entraram em colapso, permitindo que o piloto Erik Comas, da equipe Larousse, deixasse o pit-stop e retornasse à corrida quando ela já havia sido interrompida. Comas somente entendeu o que estava acontecendo quando os fiscais de pista mais próximos ao acidente tremularam nervosamente suas bandeiras vermelhas indicando-lhe a situação. Se não fosse essa atitude, ele poderia ter batido no helicóptero que estava no meio da pista aguardando para levar Senna ao hospital.
A imagem de Ayrton, apoiado na sua Williams, flagrado pelas câmeras, com o olhar distante e perdido, pouco antes do início do GP, ficaria marcada para sempre entre seus fãs.
De acordo com a perícia, Senna perdeu o controle do carro devido à quebra da coluna de direção do seu Williams. O documento sugere que houve negligência dos técnicos da equipe numa reparação feita na coluna de direção. Em novembro de 1996, a denúncia do promotor Maurizio Passarini foi acolhida pelo juiz Diego Di Marco. Frank Williams, Patrick Head, Adrian Newey, Federico Bondinelli, um dos responsáveis pela empresa que administrava o autódromo de Ímola, Giorgio Poggi, o responsável pela pista, Roland Bruinseraed, o diretor da prova, e o mecânico que soldou a coluna de direção do Williams, foram indiciados por homicídio culposo, por negligência e imprudência. Porém, em dezembro de 1997, o juiz Antonio Constanzo absolveu os acusados.
Em 2004, um documentário de televisão da National Geographic chamado "A morte de Ayrton Senna" foi transmitido para o mundo inteiro. O programa considerou os dados disponíveis do carro do Senna para reconstituir a seqüência de eventos que o conduziu ao acidente fatal. O programa concluiu que longo período que o safety-car permaneceu na pista fez reduzir as pressões nos pneus de Senna, abaixando o carro. Com o carro mais baixo, o chassi tocou o solo fazendo o carro saltar tornando a direção incontrolável. Senna teria reagido mas, com os pneus travados, ele foi arremessado para fora da curva. O programa concluiu que se as reações do piloto tivessem sido mais lentas, ele talvez poderia ter sobrevivido. Pilotos e especialistas em Formula 1 excluem parte dessa teoria como improvável, pois os pneus de Fórmula 1 se aquecem até a temperatura ideal depois de percorrer apenas 2km, meia volta no circuito de San Marino, assim na volta sete, os pneus do carro de Senna já estariam aquecidos.
Senna tinha 34 anos quando morreu. Sua morte aconteceu, primariamente, por um impacto da roda com o muro, que fez o pneu estourar e, a uma velocidade incrível, a roda voou a cerca de 208 Km/h, atingindo o capacete na frente, acima do olho direito. O impacto foi tão forte que a roda voou quase 60 metros e o carro de Senna ainda voltou para a pista. Feitos os cálculos da quantidade de movimento de uma roda de 17kg e a força proveniente do impacto, concluiu-se que o resultado seria o cérebro ter danos extensos e parte dele vindo praticamente se "desmanchar", mas o capacete de Senna suportou boa parte do impacto. O capacete de Senna mostrou uma quebra com grande afundamento acima da viseira, o que assustou todos com a violência do impacto, obviamente insuportável para qualquer ser vivo. Na análise dos médicos na pista, no hospital e na autópsia, depois de constatada a morte cerebral, foram percebidos três graves traumas, um grande choque que provocou fraturas na têmpora e rompendo a artéria temporal, uma fratura na base do crânio, devido à potência do impacto, e além do mais, um pedaço de fibra de carbono da carenagem penetrou o visor do capacete e adentrou a órbita acima do olho direito, danificando irreversívelmente o lobo frontal. Qualquer um dos três ferimentos seria suficiente para lhe tirar a vida.
Tanto a FIA como as autoridades italianas mantém a versão de que Senna não morreu instantaneamente, e sim no hospital, para onde ele foi levado rapidamente de helicóptero. Existe uma interminável discussão entre as autoridades a esse respeito.
Ainda se discute porque Senna não foi declarado morto na pista. Especula-se que isso se deve à lei italiana, que diz que quando uma pessoa morre em um evento desportivo, essa morte deve ser investigada, fazendo com que o evento seja cancelado. O diretor do instituto legal de medicina do Porto, o professor José Eduardo Pinto da Costa, informa o seguinte:
"Do ponto de vista ético, o tratamento dado a Senna foi errado. Isso se chama distanásia, que significa que uma pessoa esteve mantida viva impropriamente, depois da morte biológica, devido aos ferimentos de cérebro tão sérios que o paciente nunca poderia permanecer vivo sem meios mecânicos de sustentação. Não haveria nenhuma perspectiva de vida normal. Mesmo se ele tivesse sido removido do carro quando seu coração ainda estava batendo é irrelevante à determinação de quando morreu. A autópsia mostrou que Senna sofreu fraturas múltiplas na base do crânio, esmagando a testa e rompendo a artéria temporal com hemorragia nas vias respiratórias.
É possível reanimar uma pessoa depois que o coração pára de bater com os procedimentos cardiorespiratórios. No caso de Ayrton, há um ponto sutil: as medidas da ressuscitação foram executadas.
Ainda sob o ponto de vista ético, isto pode ser condenado, porque as medidas não foram em benefício do paciente, mas um pouco porque serviriram ao interesse comercial da organização. A ressuscitação ocorreu de fato, com a traqueostomia e a atividade do coração restaurada com o auxílio dos procedimentos cardiorespiratórios. A atitude era certamente controversa. Qualquer médico saberia que não havia nenhuma possibilidade de sucesso em restaurar a vida, na circunstância em que Senna se encontrava."
O professor Jose Pratas Vital, diretor do hospital de Egas Moniz, em Lisboa, um neurocirurgião e chefe da equipe médica no GP português, tem uma opinião diferente:
"As pessoas que conduziram a autópsia indicam que, na evidência de seus ferimentos, o Senna estava morto. Mas eles não poderiam dizer isso. Ele realmente teve os ferimentos que o conduziram à morte, mas nesse ponto o coração pode ainda ter funcionado. Os médicos que atendem a uma pessoa ferida, e que percebem que o coração ainda está batendo, tem apenas duas atitudes a tomar: assegurar-se de que as vias respiratórias do paciente permaneçam livres, o que significa que ele pode respirar. No caso de Senna, eles realizaram uma traqueostomia, liberando as vias respiratórias. Com oxigênio e a batida do coração, passamos à segunda atitude: a perda de sangue. Estas são as etapas a ser seguidas em todo caso envolvendo ferimento sério, se na rua ou em pista. A equipe de salvamento não pode pensar em nada mais nesse momento, exceto imobilizar a coluna cervical do paciente. Então a pessoa ferida deve ser levada imediatamente à unidade de terapia intensivos do hospital mais próximo."
Rogério Morais Martins:
"De acordo com o primeiro boletim clínico emitido pela Dra. Maria Teresa Fiandri, às 16:30, o paciente Ayrton Senna teve dano cerebral com choque hemorrágico, e encontra-se em coma profundo. Entretanto, a equipe de médica não notou nenhuma ferida na caixa toráxica ou no abdômen. A hemorragia foi causada pela ruptura da artéria temporal. O neurocirurgião que examinou Senna no hospital mencionou que as circunstâncias não exigiam uma cirurgia porque a ferida foi generalizada no crânio.
Às 18:05, a Dra. Fiandri leu um outro comunicado, com a voz agitada, anunciando que Senna estava morto. Nesse momento ele ainda estava ligado aos equipamentos que mantiveram sua pulsação. A liberação, pelas autoridades italianas, dos resultados da autópsia de Senna, que revelaram que o piloto tinha morrido instantaneamente durante a corrida em Imola, inflamou ainda mais controvérsia. Agora, haviam perguntas a serem respondidas pelo diretor da corrida e pelas autoridades médicas. Embora os porta-vozes do hospital indiquem que Senna ainda estava respirando na chegada a Bolonha, a autópsia em Roland Ratzenberger indicou que a morte tinha sido instantânea. Sob a lei italiana, uma morte dentro do circuito exigiria o cancelamento da corrida e toda a área deveria ser mantida intacta para a investigação."
Os médicos não são capazes de afirmar se Senna morreu instantaneamente. Não obstante, estavam bem cientes que suas possibilidades de sobrevivência eram mínimas. Se sobrevivesse, o dano no cérebro o deixaria severamente deficiente. Acidentes como este são quase sempre fatais. Além disso, existem os efeitos no cérebro da desaceleração brusca, que causa dano estrutural aos tecidos cerebrais.
Estima-se que as forças envolvidas no acidente de Ayrton sugerem uma taxa de desaceleração equivalente a uma queda vertical de 30 metros. A autópsia revelou que o impacto a 208 km/h causou os ferimentos múltiplos na base do crânio, tendo por resultado a insuficiência respiratória. Havia um esmagamento do cérebro, que foi arremessado junto à parede do crânio que causa o edema, a hemorragia e o aumento de pressão intra-cranial, junto com a ruptura da artéria temporal que causou a hemorragia nas vias respiratórias e a consequente parada cardíaca.
Quanto à possibilidade de os pilotos estarem ainda vivos, quando foram postos nos helicópteros que os levaram ao hospital, os experts acreditam que os organizadores da corrida atrasaram o anúncio das mortes a fim evitar o cancelamento, e assim, proteger seus interesses financeiros.
A morte do piloto foi considerada pelos brasileiros uma tragédia nacional, e o governo brasileiro declarou três dias de luto oficial. Estima-se que mais de um milhão de pessoas foram às ruas para prestar-lhe as últimas homenagens, sem contar os milhões que acompanharam pela televisão, desde a chegada do avião que trouxe seu corpo, no Aeroporto de Guarulhos, às 5h30 da manhã.
A maioria dos pilotos de Fórmula 1 estiveram presentes no funeral de Senna. Porém, o então presidente da FIA, Max Mosley, não compareceu, alegando que estava nos funerais de Ratzenberger, no dia 7 de maio, em Salzburg, na Áustria. Mosley disse à imprensa, dez anos depois: "Fui a esse funeral porque todos estavam no de Senna. Achei que era importante alguém ir a esse."
O corpo de Senna está sepultado no jazigo 11, quadra 15, sector 7, do Cemitério do Morumbi, em São Paulo.
Por conta desse e do acidente de Ratzenberger, a curva Tamburello e a curva Villeneuve foram transformadas em chicanes.
Na corrida seguinte, em Mônaco, a FIA decidiu deixar vazias as duas primeiras posições no grid de largada, e elas foram pintadas com as cores das bandeiras brasileira e austríaca, em homenagem a Senna e Ratzenberger.
A lendária curva Eau Rouge, no circuito de Spa-Francorchamps, foi temporariamente readequada para a corrida de 1994. Na foto, Damon Hill dirige pela chicane, onde foi escrita uma homenagem a Senna.
Depois da morte de Senna, descobriu-se que fizera doações de sua fortuna pessoal, estimada em 400 milhões de dólares, às crianças carentes, fato que tentou manter em segredo. O Instituto Ayrton Senna, criado pela família de Ayrton Senna após sua morte, recebeu cerca de 80 milhões de dólares nos últimos anos para serem investidos em programas sociais e em parcerias com escolas, governos, ONGs e setores privados.
Senna sempre foi bastante preocupado com as crianças pobres, e, em 1994, ele anunciou que tinha a intenção de fazer alguma coisa por elas. Morreu antes de implementar essas idéias. Sua família, então, criou o Instituto Ayrton Senna, em sua memória, para ajudar as crianças pobres brasileiras.
No ano 2000, Senna foi postumamente incluído no International Motorsports Hall of Fame.
Frases de Ayrton Senna
"Se você quer ser bem sucedido tem que ter dedicação total, buscar o seu último limite e dar o melhor de si mesmo."
"Vencer é como uma droga. Eu não posso justificar, sob nenhuma circunstância, ser o segundo ou terceiro."
"Ser o segundo é o mesmo que ser o primeiro dos perdedores."
"Não existem acidentes pequenos nesta pista." (falando sobre Ímola, pouco antes do acidente fatal).
"Esta será uma temporada com muitos acidentes, e eu arrisco dizer que teremos sorte se nada sério acontecer."
"Eu procuro continuamente aprender mais sobre mim, minhas próprias limitações, as limitações de meu corpo e as limitações psicológicas. É o meu estilo de vida."
"É claro que existem momentos que você pensa quanto tempo ainda você conseguirá fazer isso porque existem outros aspectos não tão bons nesse estilo de vida. Mas eu adoro vencer."
"As corridas e a competição estão no meu sangue. Fazem parte de mim, da minha vida."
"Eu sei que é impossível vencer sempre. Eu só espero que a derrota não venha neste fim de semana."
"Eu não sei dirigir de outra forma senão arriscando. Cada um tem que seu limite. O meu limite está um pouco além do dos outros."
"Se eu tiver que sofrer um acidente que eventualmente custe minha vida, eu espero que seja de uma vez. Eu não quero ficar numa cadeira de rodas. Não quero ficar num hospital sofrendo com os ferimentos. Se eu tiver que viver, eu quero viver plenamente, intensamente, porque eu sou uma pessoa intensa. Eu arruinaria minha vida se tivesse que viver parcialmente." (janeiro de 1994, quatro meses antes do acidente que o matou)
"O impossível não existe quando se acredita verdadeiramente nos sonhos."
Números
Títulos da Fórmula 1: três, em 1988, 1990, 1991
Vitórias: 41 (25,5%)
Pole positions: 65 (40,4%)
Pontos acumulados: 614 (610 válidos, já que, pelas regras implementadas pela FIA na temporada de Fórmula 1 de 1988, os dois piores resultados eram descartados)
GPs disputados: 161
GPs em que participou: 163
GPs finalizados: 105 (65,2%)
Número de desistências: 56 (34,8%)
Média de pontos por corrida: 3,81 (ou 3,79, se forem apenas contabilizados os 610 pontos)
Pódios: 80 (49,7%)
Número de vezes na liderança: 109
Número de grandes prêmios na liderança: 86
Voltas na liderança: 2.987
Quilômetros na liderança: 13.676
Total de voltas percorridas: 8.219
Total de quilômetros percorridos: 37.934
Largadas na primeira fila: 87
Vitórias com pole position: 29
Vitórias de ponta a ponta: 19
Voltas mais rápidas: 19
Máximo de poles conseguidas numa só temporada: 13 (em 1988 e 1989)
Pole positions sucessivas: 8: Espanha, Austrália, Brasil, San Marino, Mônaco, México e EUA (1988) e Brasil (1989)
Pole positions sucessivas numa só temporada: 7 (em 1988)
GPs onde mais venceu: Mônaco (6 vezes: 1987, 1989, 1990, 1991, 1992 e 1993)
Hat Trick (pole, vitória e melhor volta no mesmo GP): 7 (Portugal, 1985; Canadá e Japão, 1988; Alemanha e Espanha, 1989; Mónaco e Itália, 1990)
Grand Chelem (Hat Trick e corrida inteira na primeira posição): 4
Vitórias consecutivas: 4 (em 1988: Inglaterra, Alemanha, Hungria e Bélgica; em 1991: EUA, Brasil, San Marino e Mónaco)
Dobradinhas (com o companheiro de equipe, Alain Prost): 14 (10 em 1988 e 4 em 1989, com Senna na frente em 11 oportunidades)
Neste link tem mais vídeos sobre a carreira de Ayrton Senna da Silva.
Existe uma frase muito usada para falar sobre rockstars que cabe muito bem a Ayrton:
ResponderExcluirLive fast, die young.
Senna viveu com a intensidade com que guiava.
Parabéns Julio, uma homenagem belissima.
parabéns pelas grandes fotos e por falar tão bem do ayrton.4ever senna.
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