Em 1947, um grupo de estudantes, liderado por Paixão Côrtes, capturou, com um cabo de vassoura, a primeira Chama Crioula, a partir de uma centelha da Pira da Pátria, no Parque Farroupilha, em Porto Alegre, e a carregou pelas ruas da capital do Rio Grande do Sul.
O gesto acendeu, literalmente, a autoestima e a tradição gaúchas, em um período pós-guerra, em que os Estados Unidos disseminavam sua cultura e seu modo de vida, enquanto o Brasil convivia com as marcas do Estado Novo de Getúlio Vargas, que propagou a unidade nacional, inibindo a valorização do regional.
Em 1948, organizou e fundou o CTG 35. Em 1953, fundou o pioneiro Conjunto Folclórico Tropeiros da Tradição. Em 1956, Inezita Barroso gravou músicas tradicionais gaúchas recolhidas por Paixão Cortes e Barbosa Lessa, entre as quais "Chimarrita-Balão", "Balaio", "Maçanico", "Quero-Mana", "Tirana do Lenço", "Rilo", "Xote Sete Voltas", "Xote Inglês", "Xote Carreirinha", "Havaneira Marcada".
Em 1954, Paixão Cortes posou para o escultor Antônio Caringi, que esculpiu a famosa Estátua do Laçador, que se tornaria símbolo da cidade de Porto Alegre em 1992.
Em 1958, Paixão Côrtes apresentou-se no Olympia de Paris, no palco da Universidade de Sorbonne, no Hotel de Ville, no Teatro Alhambra, além de clubes noturnos e cabarés. No mesmo ano, foi convidado por Maurício Sirotsky para apresentar o programa "Festança na Querência", na Rádio Gaúcha, que ficou no ar até 1967.
Em 1964, Paixão Côrtes apresentou-se na Alemanha, na Feira Mundial de Transportes e Comunicação, na cidade de Munique. Recebeu ainda, no mesmo ano, o prêmio de Melhor Cantor Masculino de Folclore do Brasil. Em 1986, Paixão Côrtes apresentou-se durante um mês na Inglaterra, divulgando traduções de seus livros para o inglês.
Em 2001, no VII Encontro Nacional de Pesquisadores da MPB, Paixão Côrtes proferiu palestra sobre a música gaúcha, realizado no Teatro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Em 2003, lançou seu novo manual, com mais danças, derivadas do primeiro, como, por exemplo, "Valsa da Mão Trocada", "Mazurca Marcada", "Mazurca Galopeada", "Sarna" e "Graxaim".
Em 2010, Paixão Côrtes é escolhido patrono da 56ª Feira do Livro de Porto Alegre, e recebeu a Ordem do Mérito Cultural.
Paixão Cortes possuía educação superior em Agronomia. Colou grau em 1949 na UFRGS. Exercendo a profissão de agrônomo, Paixão Côrtes foi responsável pela abertura do mercado da ovinocultura no Rio Grande do Sul. Além de incentivar o consumo de carne ovina, trouxe da Europa novos métodos e tecnologias de tosquia, desossa e gastronomia.
Aos 17 anos, começou a trabalhar na Secretaria da Agricultura, como classificador de lã. Em 40 anos de serviço, passou pelas Estações Experimentais de Pelotas, Santana do Livramento, nos Campos de Cima da Serra, e em Porto Alegre, e atuou também como professor dos cursos de classificação de lã e ovinotecnista, e foi chefe do Serviço de Ovinotecnia.
Ainda na Secretaria da Agricultura, Paixão Côrtes desenvolveu o trabalho de extensão no interior do Estado. Segundo o próprio, os fatos de ser folclorista e falar a mesma língua do homem do campo facilitaram a comunicação e a implantação de novas tecnologias.
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