Antônio Augusto da Silva "Nico" Fagundes (04/11/1934 - 24/06/2015)

Antônio Augusto da Silva "Nico" Fagundes
Antônio Augusto da Silva Fagundes, mais conhecido como Nico Fagundes, foi um poeta, compositor, ator, advogado e apresentador de televisão gaúcho. Nico Fagundes nasceu em Inhanduí, no interior do município de Alegrete, local de tradicionais famílias campeiras da fronteira.

Filho de Euclides Fagundes e Florentina da Silva Fagundes, Nico era formado em Direito, pós-graduado em História do Rio Grande do Sul e mestre em Antropologia Social. Todas as suas formações se sucederam na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Nico Fagundes foi uma pessoa reconhecida na cultura gaúcha, premiado incontáveis vezes como poeta, novelista, compositor, autor e ator de teatro, televisão e cinema. Apresentou durante muitos anos o programa "Galpão Crioulo", pela RBS TV, uma das maiores audiências da televisão gaúcha.

Antônio Augusto Fagundes foi respeitado como uma autoridade no folclore gaúcho, história do Rio Grande, antropologia, religiões afro-gaúchas, indumentária do Rio Grande, cozinha gauchesca e danças folclóricas.

Além disso, sempre deu a devida importância à dupla ligação da cultura gaúcha com o outro Brasil e com os países do Prata. Tornou-se, assim, com o tempo e apoiado em uma biblioteca preciosa, um estudioso sério, respeitado e aclamado no Rio Grande do Sul, no Uruguai e na Argentina, conferencista bilíngue e autor de inúmeras obras de consulta obrigatória para estudiosos na área.

Nico Fagundes iniciou a carreira jornalística aos 16 anos, como cronista e repórter do jornal "Gazeta de Alegrete". No mesmo período, começou a atuar na rádio local, apresentando um programa humorístico e gauchesco. Foi secretário dos "Cadernos do Extremo Sul", editando diversos poetas.

Em 1954, muda-se para Porto Alegre e é como poeta que é apresentado ao 35 CTG, por Lauro Rodrigues. E nunca deixou de fazer verso. Tornou-se amigo e companheiro de Waldomiro Souza, Horácio Paz, João Palma da Silva, Amandio Bicca, Niterói Ribeiro, Luiz Menezes, José Hilário Retamozo, Hugo Ramirez, João da Cunha Vargas, ou seja, a fina flor da poesia gauchesca da época, que freqüentava o rodeio do 35 CTG, às quartas de noite e aos sábados de tarde, na Avenida Borges de Medeiros, no quinto andar da FARSUL.

Também torna-se amigo de Jayme Caetano Braun, cujo ingresso no 35 CTG vai apadrinhar. Por esta época, o encontro de Antônio Augusto Fagundes com Glaucus Saraiva foi histórico, pois vinham de uma briga pelos jornais, mas quando se encontraram, iniciou-se uma amizade tão forte que nem a morte de Glaucus conseguiu interromper.

Em 1955, passou a fazer parte do Instituto de Tradições e Folclore da Divisão de Cultura do Estado. Durante oito anos, estudou folclorismo, especializando-se em Cultura Afro-Gaúcha. Eleito Patrão do 35 CTG, tornou-se professor de danças folclóricas e literatura gauchesca no Instituto de Tradições e Folclore. Viajou para a Europa como sapateador do grupo "Os Gaudérios", morando em Paris por quatro meses.

Pelas páginas do Jornal "A Hora", lançou Jayme Caetano Braun e dois moços que estavam aparecendo com muita força: Aparício Silva Rillo e José Hilário Retamozo. O prestígio que emprestava à obra de outros poetas não fez com que descurasse de sua própria poesia.

Iniciou pesquisas de indumentária gaúcha, tornando-se a maior autoridade sobre o assunto no Rio Grande do Sul. Contratado como ator pela TV Piratini, foi um dos fundadores do Conjunto de Folclore Internacional, mais tarde chamado "Os Gaúchos", do qual foi diretor durante 15 anos.

Foi escoteiro e fundador, sub-chefe e chefe da Tropa "Anhangüera". Na época de estudante, destacou-se como poeta e declamador. Em 1960, ingressou na Faculdade de Direito de Porto Alegre. No mesmo ano, fundou, no Instituto de Tradições e Folclore, a Escola Gaúcha de Folclore, de nível superior, que funcionou durante seis anos. Atuou como titular nas cadeiras de danças folclóricas e indumentária gaúcha. Foi diretor da escola durante seis anos.

Por todas essas suas qualificações acadêmicas, Antonio Augusto Fagundes é respeitado como autoridade em Folclore gaúcho, História do Rio Grande do Sul, Antropologia, Religiões afro-gaúchas, Indumentária gauchesca, Cozinha gauchesca e danças folclóricas.

Ganhou prêmios e concursos em Vacaria, Alegrete e em Porto Alegre. Foi condedorado a Medalha do Pacificador, do Exército Brasileiro, a Comenda Osvaldo Vergara, da Ordem dos Advogados do Brasil, da qual é também advogado jubilado, e a Comenda do Mérito Oswaldo Aranha.

Ao longo de sua carreira, recebeu diversos prêmios, entre os quais, Prêmio Copa Festivales de España, Medalha de Bronze da Televisão Mundial, pelo programa "Galpão Crioulo", e o Troféu Guri, da Rádio Gaúcha. Recebeu inúmeros prêmios em poesia, canções gauchescas, declamações, danças folclóricas e teses. É autor de mais de trezentas músicas, entre as quais, "O Canto Alegretense", que é mais cantada que o próprio hino da cidade de Alegrete.

No início da década de 1960, conquistou o primeiro lugar em concurso literário promovido pelo Instituto Estadual do Livro, com a obra "Destino de Tal". Escreveu o roteiro, dirigiu e trabalhou como ator no filme "Negrinho do Pastoreio", com Grande Otelo. Atuou ainda como ator no filme "O Grande Rodeio", o qual também produziu e dirigiu.

Seus primeiros livros de versos chamam-se "Com a Lua na Garupa", e "Ainda com a Lua na Garupa". O terceiro tem o nome "Canto Alegretense", nome tirado da canção famosa cujos versos escreveu. Neste livro, aparecem muitas letras das suas canções mais famosas, gravadas e regravadas por vários intérpretes e parceiros.

Escreveu o roteiro do filme "Para Pedro". Atuou como ator, assistente de direção e consultor de costumes do filme "Ana Terra". Escreveu o roteiro, dirigiu e trabalhou como ator no filme "Negrinho do Pastoreio", com Grande Otelo. Atuou ainda como ator no filme "O Grande Rodeio", o qual também produziu e dirigiu.

Em 1976, ingressou na Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore. Em 1990, fundou e assumiu o comando do grupo Cavaleiros da Paz, com o qual empreendeu cavalgadas por diversos países da América do Sul. Quatro anos depois, assumiu a presidência do IGTF.

Na RBS TV, Nico Fagundes apresentou o Galpão Crioulo por três décadas, de 1982 a 2012. Em 1984, passou a apresentar o mesmo programa na Rádio Gaúcha. No mesmo ano voltou a atuar no jornalismo, escrevendo no jornal "Zero Hora". Em 1998, comandou em Paris, a apresentação do Grupo "Os Gaúchos". Em 2000, um acidente vascular cerebral (AVC) o forçou a se afastar do Galpão Crioulo, mas se recuperou. Em 2001, juntou-se aos seus familiares, os sobrinhos Neto e Ernesto, e o irmão Bagre Fagundes, para formar o grupo Os Fagundes.

Sua despedida da televisão foi marcada por uma edição comemorativa do programa, gravada na cidade de Venâncio Aires, com grandes nomes da música regionalista. No ar, Nico Fagundes foi substituído pelo sobrinho, Neto Fagundes, e pela cantora Shana Müller.

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