HTML 5: ainda é o momento?

Quando falamos em desenvolvimento para web, uma das primeiras linguagens na qual pensamos é o HyperText Markup Language, mais conhecido como HTML. A última versão dessa linguagem foi lançada em 2010 e, em princípio, imaginamos que o HTML 5 traria diversos recursos e inovação, e trouxe. Mas hoje, dois anos depois, deixa de atender a muitas necessidades do mercado.

Os dispositivos móveis estão (literalmente) por toda a parte. A agência de pesquisa digital Flurry divulgou um estudo que mostra que o Brasil está em terceiro lugar no ranking de países com o maior número de dispositivos móveis com o iOS, da Apple, ou o Android, do Google. Os dados mostram que a taxa de crescimento dos sistemas operacionais no país no período de 12 meses, compreendido entre julho de 2011 e o mesmo mês deste ano, foi de 220%.

Com o aumento do uso dos dispositivos móveis, houve também um crescimento da demanda por aplicações para esses aparelhos. E, por consequência, há a necessidade de profissionais no setor. Recentemente, a Gartner listou três implicações em que devemos ficar de olho nesta era pós-PC na qual estamos.

A primeira é sobre a importância de as empresas evoluírem rapidamente suas aplicações e as interfaces para uma abordagem multicanal; a segunda diz que os desenvolvedores precisam se readaptar, pois as aplicações focadas em dispositivos móveis vão substituir o desenvolvimento para desktops; e a última alerta que os projetos voltados para smartphones e tablets vão superar os projetos para PCs na razão de quatro para um até 2015.

Ou seja, dispositivos móveis e aplicações para esses aparelhos são o presente e o futuro. Esse setor só tende a crescer e requer uma linguagem de desenvolvimento que atenda a essas necessidades, e é nessa hora que o HTML 5 deixa a desejar. Apesar de ser uma boa ferramenta para desenvolvimento de conteúdo multimídia, não é a mais indicada para o desenvolvimento mobile corporativo.

Digo isso porque falta aderência de alguns recursos nativos nos browsers das plataformas móveis. As aplicações desenvolvidas com HTML 5 não permitem o uso offline de maneira robusta, o que é muito importante. Podemos exemplificar com as soluções utilizadas pelas empresas para o gerenciamento de força de trabalho. O técnico que vai atender a uma solicitação precisa manter sincronizado o banco de dados no cartão de memória, precisa capturar uma foto, acessar outros dispositivos, ter serviços em background para monitoramento. Como ele fará para resolver isso? Utilizando uma solução nativa mais algumas funcionalidades em HTML 5.

O HTML 5 é uma linguagem multiplataforma, o que cria uma expectativa de escrever um código compatível com todas as plataformas. É claro que todas as tecnologias têm suas restrições, mas no momento atual não podemos pensar em uma linguagem sem aderência total das features nas principais plataformas móveis. A questão da usabilidade ainda é fortemente dependente de framework de terceiros que nem sempre mantêm a identidade e as características da plataforma, e o desempenho fica a desejar (inclusive o próprio Facebook trocou recentemente HTML 5 por código nativo), além das limitações para armazenamento local de dados e dos desafios de sincronização.

A atualização que resultou no HTML 5 foi necessária, mas não atende às necessidades que temos hoje. Por isso, as empresas devem optar por uma linguagem que permita o desenvolvimento de aplicações nativas com algumas funcionalidades em HTML 5; que transmita dados através de qualquer plataforma móvel; que permita a utilização de diversos meios de comunicação, como cabos de conexão de celulares, infravermelho, bluetooth ou redes Wi-Fi; que faça o gerenciamento dos dispositivos, como nível de bateria, memória disponível; entre outros itens.

Os desenvolvedores também não podem esquecer que o desenvolvimento mobile está em alta e vale a pena investir nesse nicho, já que a área está carente de bons profissionais. Para isso, o mais indicado é se especializar em linguagens mais modernas.

iMasters

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