É também a de Rodrigo Mattar, sobre a música na atualidade.
Falou e disse!
O Segundo Caderno de O Globo saiu hoje com uma ótima e interessante matéria do jornalista Antônio Carlos Miguel sobre a total ausência de ídolos na música neste começo de século XXI.
Faz sentido: não existe qualquer referencial para esta geração, como foram Elvis e Beatles para a juventude dos anos 50 / 60; Madonna nos anos 80; superstars feito Frank Sinatra e Roberto Carlos; artistas-referências tais como João Gilberto, Bob Dylan, Caetano Veloso, Tim Maia, Cazuza, Renato Russo e até mesmo Kurt Cobain.
O panorama musical no Brasil beira o desastre. Os gêneros estão absolutamente segmentados e ninguém emplaca nenhum sucesso capaz de provocar a excitação popular, a discussão ferrenha como nos tempos dos Festivais, da Jovem Guarda, da MPB que sofria com a censura e dos primórdios do BRock. Tudo hoje é tão efêmero que a lendária frase de Andy Warhol, que dizia que cada pessoa seria famosa no mundo por 15 minutos, começa a fazer muto sentido.
Lá fora, a coisa não anda muito diferente. O rock and roll vai mal. O gênero emocore domina as paradas - aqui inclusive, com o chatíssimo NXZero - e a única artista que poderia provocar algum barulho, porque tem personalidade e é muito boa cantora, é Amy Winehouse. Mas o que a estraga é a sucessão de escândalos em que vem se metendo, que comprometem sua imagem.
Antes dela, segundo o jornalista, houve Norah Jones, que teve uma estréia avassaladora (16 milhões de discos vendidos) em 2002, e desde então, cai feito balão japonês a cada novo trabalho.
Tristes tempos se comparados, por exemplo, a 1966, quando a disputa entre “A Banda”, de Chico Buarque de Hollanda e “Disparada”, de Geraldo Vandré, favoritas de um Festival de Música, incendiou as ruas e trouxe o povão pra perto da renovação da música popular brasileira, que viveu naquela década o seu momento mais profícuo. Num país onde quem faz mais sucesso hoje é a “Mulher Melancia”, eis a constatação cruel: a MPB lamentavelmente chegou ao fundo do poço.
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