Este é o momento perfeito para a General Motors criar a submarca de carros Corvette... porque o verdadeiro Corvette está morto!

Em 2022, fazendo um favor a um amigo, peguei um Chevrolet Corvette C8 e parti para uma viagem de três semanas e seis mil quilômetros. Descobri a pizza ao estilo de Detroit e as tortas de caranguejo de Maryland. Descobri que o Texas tem muitos distritos secos. Eu vi Memphis entregar suas rodovias à noite para Dodge Chargers que atingem oito vezes a velocidade do som.

E percebi que agora, ou em breve, segundo rumores, é o momento perfeito para a GM transformar o Corvette em uma submarca de carros com vários estilos de carroceria, como sedãs e SUVs, por exemplo, porque a coisa mais importante que aprendi nesta viagem é o seguinte: o C8 NÃO É um Corvette.

O Corvette C8 é um carro fantástico? Sim. Eu tenho algumas pequenas reclamações em relação a ele? Sim. Estas reclamações podem ser ouvidas com o barulho de 6,2 litros de Team America Dynamite? Não. Na verdade, o C8 é tão divertido que merece ser difundido entre os novos estilos de carroceria.

Só estou dizendo que o Corvette C8 não é um Corvette. Ou seja, sacrificou quase tudo o que fez do Corvette um ícone americano, a antítese de um certo ícone alemão onde, historicamente, os proprietários de Corvette adoravam derramar catchup. E sei disso porque possuo um Z06 2001, que É um Corvette.

Meu primeiro argumento: preço. A comparação sempre foi o ataque de choque e pavor em todos os cupês com desempenho semelhante. É a tática correta também, marcando os três primeiros pontos. Não apenas o Corvette ganhou o limbo do MSRP (Manufacturer's Suggested Retail Price), mas o custo mostrou que o cara e a garota que trabalham na fábrica ou o gerente do andar inferior poderiam economizar seu dinheiro e colocar um Corvette na garagem em pouco tempo.

Eles se perguntavam: "por que pagar mais, quando nós poderíamos obter melhor desempenho, manutenção mais barata, mais fácil e mais espaço por menos?". Eles diziam: "então, vamos bater aquele lixo estrangeiro o dia todo no quarto de milha!". Estes dias estão quase acabando.

Vou começar elogiando a restrição da GM com os preços do Stingray. Seu preço subiu 4.505 dólares em três anos. Quando modelos menos interessantes estão aumentando tanto em um único ano, a General Motors merece crédito.

Aqui está o yin. O preço sugerido de um Corvette 2001 era de cerca de 48 mil dólares. De acordo com o Bureau Of Labor Statistics dos EUA, o preço ajustado pela inflação é de 67.586 dólares. O Stingray 2023 começa em 64.500 dólares.

Aqui está o yang. Um Corvette Z06 custava cerca de 56.000 dólares em 2001. O preço ajustado pela inflação é de 80.631 dólares. O spread na moeda de 2001 era de 8.000 dólares. O spread ajustado pela inflação é de 13.000 dólares. Com o Z06 de hoje começando acima de 105 mil dólares, o spread é de 41 mil dólares.

Demorou de 1953 a 2009 para que um Corvette ultrapassasse a barreira dos seis dígitos: o ZR1. Sobrou às três versões restantes defenderem o argumento de cinco dígitos. O novo Corvette E-Ray, que substitui a versão Grand Sport, já sai de fábrica com um preço acima de cem mil dólares. As coisas só pioram para o ainda não magnata ou influenciador digital. Espera-se que a versão ZR1 seja um Z06 reforçado, e seu preço, talvez um ano de pagamentos de hipoteca a mais do valor das versões Z06 e E-Ray.

Então, surgem os rumores do híbrido de 1.000 CV de potência, chamado Zora. Esqueça o preço! Vai sair mais barato comprar um Z06 novo. Em 2025 ou 2026, haverá quatro versões do Corvette que custarão mais de cem mil dólares em comparação com a versão inferior, e esta versão estará mais próxima de cem mil dólares do que agora.

Você percebe o que está acontecendo? A piscina do Corvette está sendo preparada para se adequar a um novo tipo de peixe. Então tire esse tetra do saco plástico, garoto! Este é um lago Koi agora.

Meu segundo argumento: capacidade de "faça você mesmo". Parte da tradição do Corvette é consertá-lo na garagem. Os sujos Porsche e Ferrari se tornaram muito complicados e/ou caros para o garagista médio. Se eu quiser, posso estacionar meu carro no jardim da frente (eu não o faria), colocá-lo sobre blocos de concreto (eu realmente não o faria), remover o capô, puxar o motor, soltar a caixa de câmbio e levar o carro até a funilaria para restauração.

Isto não é possível em um C8 sem um elevador de quatro postes. Quer uma troca de óleo e duas palhetas de limpador de para-brisa para seu C8 em uma concessionária em Dallas? Isso custará US$ 185,80. Quer você mesmo limpar o filtro de ar? Sem problemas: basta retirar o porta-malas.

Na verdade, parece mais natural escrever "kein problem, einfach den kofferraum entfernen", porque parece que o Corvette C8 só poderia ter vindo direto de Stuttgart a bordo de um avião da Lufthansa sem escalas.

É certo que, na época do C7, você desejaria um elevador para um trabalho na transmissão tão básico quanto a substituição do fluido, mas poderia fazer de outra maneira. Não seria divertido, mas você poderia fazê-lo. No entanto, com o motor do C7 é fácil de lidar: basta alguns cavaletes e um guincho.

Meu argumento final: espaço para humanos e bagagem. É aqui que você aprende o valor de um centímetro.

Depois de convencer seus joelhos a dobrá-los quando entra em um Corvette C5, por causa dos assentos altos, você acharia o C8 um carro espaçoso em três dimensões. O C8 é bom, mas visivelmente mais apertado: 2,28 centímetros de espaço a menos para os ombros e 6,1 centímetros de espaço a menos para os quadris em relação ao C5. É como alguém que usa manequim 38 vestir uma calça tamanho 36. Ele vai conseguir, mas vai notar a diferença.

A situação fica bem pior para as malas. O Corvette 2001 básico podia carregar 707 litros de carga. A capota rígida e o porta-malas do Z06 encolheram o espaço para 373 litros. O C8 tem apenas um único tronco poligonal para comportar 356 litros. O colega Zac Palmer escreveu que esta quantidade "se traduz em muito espaço para bagagem em uma viagem para duas pessoas". Preciso ouvir suas dicas de bagagem e sua agenda de viagem. Tive que jogar Tetris no C8 para guardar as mesmas malas que coloco no C5 sem pensar.

E o Corvette E-Ray? Isso não vai nem carregar nem a mesma quantidade do C8 movido à combustão. Pode acabar sendo mais do que os 277 litros de espaço de carga permitidos em um Porsche 911, mas não será um old-school Corvette.

O Corvette viu seu status de ícone global crescer com décadas de boa aparência (tirando alguns anos), sendo aspiracional, mas ao alcance do trabalhador médio (sim, concessões foram feitas), facilidade de uso e manutenção, estilo americano, desempenho fantástico pelo preço cobrado, além de chassi e sistema de transmissão que são propensos a receberem atualizações de performance que podem torná-los capazes de emaprelharem-se com ou ultrapassarem carros que custam muito mais.

O Corvette C8 Stingray fugiu quase que completamente dos princípios da antiga religião. Todas as outras versões saíram da casinha. O atual Corvette, do Stingray em diante, é um carro esportivo de motor central adequado ao mesmo estilo europeu onde as gerações anteriores do Corvette ganharam suas reputações de antagonista. O Chevrolet Corvette morreu como um herói, mas viveu o suficiente para se tornar um vilão.

Jonathon Ramsey, em matéria para o site Autoblog