Médico participa de audiência online sobre multa de trânsito enquanto realiza cirurgia plástica

Doctor challenges traffic ticket in Zoom court while performing surgery
A pandemia de COVID-19 trouxe percalços a todos. No meio jurídico não foi diferente. Com a determinação de distanciamento social, as audiências públicas agora são realizadas via softwares de transmissão em vídeo, como Skype, Zoom, Meet, entre vários outros. Por se tratar de audiências públicas virtuais, estas videoconferências também devem estar disponíveis para visualização por qualquer pessoa.

Assim como nas audiências presenciais, as virtuais também geram situações inusitadas. Por isso, o Conselho Regional de Medicina da Califórnia está apurando a conduta de um cirurgião plástico que participou de uma videoconferência, para tratar de uma violação de trânsito que cometeu, ao mesmo tempo que realizava uma operação em um paciente.

De acordo com reportagem do periódico Sacramento Bee, o médico Scott Green entrou na videoconferência realizada pela Suprema Corte de Sacramento, vestindo indumentária típica de um cirurgião. Aparentemente, na sala de operação, há um paciente na cama, já que a respiração do mesmo e os bipes do aparelhamento médico podem ser ouvidos ao fundo, e as lâmpadas cirúrgicas estão acesas.

Então, um funcionário do tribunal, designado para ser o secretário deste julgamento, pergunta: "olá, senhor Green? Está disponível para a audiência?". Quando se surpreende com a situação do réu, imediatamente arregala os olhos, e pergunta: "a menos que eu esteja errado, parece que o réu está em uma sala de operação, pronto para intervir em um paciente, isto está correto, senhor Green? Ou eu deveria me dirigir como Doutor Green?".

"Sim, estou em uma sala de operação. Sim, estou disponível para a audiência, vá em frente", disse Green. Aí, o secretário recapitulou a Green que o procedimento estava sendo transmitido ao vivo, pois os julgamentos de infrações de trânsito, por força da lei, são obrigados a serem abertos ao público, e Green disse que compreendeu a situação, enquanto esperava que Gary Link, juiz do tribunal, entrasse na câmara. Então, com a cabeça baixa, dava a impressão de estar trabalhando em uma cirurgia.
Quando Link apareceu, e viu o médico na tela, o juiz hesitou em iniciar o julgamento, por se preocupar com o bem-estar do paciente. "Tenho outro cirurgião que está fazendo a operação comigo, então posso ficar aqui e atender o julgamento ao mesmo tempo", disse Green.

Apesar das alegações do réu, o juiz disse que não achava apropriado conduzir um julgamento naquelas circunstâncias. Então, disse a Green que preferia definir uma nova data para o julgamento, ou seja, "quando o médico estiver totalmente disponível".

Green se desculpou, e tentou justificar. "Às vezes, a cirurgia não é tão...", quando foi interrompido por Link. "Isso acontece. Queremos que as pessoas fiquem e permaneçam vivas e saudáveis. Isto é o mais importante no momento", disse o juiz.

O Conselho Regional de Medicina da Califórnia se manifestou, alertando que investigaria o incidente, argumentando que espera que os médicos sigam o padrão de atendimento ao tratar seus pacientes. Foi tentado um contato com Green para que falasse a respeito do acontecido, mas a chamada não foi retornada. Até o momento, não se sabe qual infração de trânsito ele cometeu... um palpite possa ser "dirigir sem atenção".

Esta não é a primeira vez que a aplicação da lei é obstruída por falhas em conexões de internet ou por bizarrices da tecnologia. Na 394ª Corte Distrital Judicial, Estado do Texas, um advogado participou de uma audiência virtual no aplicativo Zoom, só que esqueceu de desativar um filtro, que trocou a imagem real de sua câmera pelo avatar de um... gato.

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