CeramicSpeed DrivEn: sistema de transmissão para bicicletas que dispensa corrente

Eixo de cerâmica é 99% eficiente, ou seja, duas vezes mais que a transmissão Shimano Dura-Ace, afirma a empresa
CeramicSpeed DrivEn
A CeramicSpeed, em associação com o Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade do Colorado, criou o conceito DrivEn, um sistema de transmissão para bicicletas que possui um eixo de acionamento de cerâmica em vez de corrente. Em 2018, a empresa ganhou o Prêmio Eurobike, em feira realizada na Alemanha.

"O conceito de eixo reside em ser apenas uma parte móvel, em vez das muitas partes móveis do tradicional sistema de corrente e polias. Na verdade, o novo conceito sempre existiu, mas, com engrenagens cônicas, havia quase uma tonelada de atrito. Então, propusemo-nos a melhorar o acionamento do eixo, e foi assim que surgiu o elemento roletador. Este sistema é substancialmente mais eficiente que o mais otimizado sistema de corrente", disse Jason Smith, fundador da CeramicSpeed.

Smith explica que o atrito criado em um sistema de transmissão baseado em corrente é gerado, em grande parte, nos oito pontos de articulação, onde a corrente se curva em torno do anel da corrente, cassete e polias.

"Sempre que uma corrente articula ou se desprende, a fricção é criada. Quando você pensa em pedalar à uma cadência de 95 RPM, você está olhando para 40.000 pontos de atrito por minuto", disse Smith.
Já no sistema CeramicSpeed DrivEn, esses oito pontos são substituídos por apenas quatro, cada um deles girando sobre rolamentos cerâmicos. Os dentes do anel da corrente e o dente do cassete se engatam nos rolamentos do eixo, que gira por si só nos rolamentos.

Smith diz que esse sistema gera 49% menos atrito do que um sistema de transmissão Shimano Dura-Ace a 250w. O sistema DrivEn diminui sua eficiência acima de 380w.

Vale lembrar que o CeramicSpeed DrivEn ainda é um conceito, e ainda há muito a ser feito antes de se tornar um produto disponível para o público.

Para começar, ainda não há uma maneira de alterar uma bicicleta que usa um sistema de transmissão tradicional de corrente para usar o CeramicSpeed DrivEn.

No entanto, Smith diz que um servo sem fio pode ser instalado dentro do eixo para movê-lo para frente e para trás no cassete, e que um motor elétrico pode ser colocado dentro do eixo de transmissão, para que trocas de marcha possam ser executadas.

Uma fonte de energia também pode ser instalada dentro do eixo, com um sistema de medição semelhante ao funcionamento de um hub PowerTap, medindo a deflexão torsional no cilindro.

O CeramicSpeed DrivEn ainda precisaria de um quadro dedicado, já que a localização do novo sistema é basicamente onde se prende o trocador do tradicional sistema de transmissão de corrente em uma bicicleta padrão.

Só havia um problema: o mecanismo inventado não possuía uma forma de trocar marchas. Em 2019, não há mais este empecilho. Pois o conceito foi modificado para que seja possível por parte do ciclista alterar a relação entre sua cadência e a quantidade de giros da roda traseira. O pinhão traseiro é dividido ao meio, controlado por um dispositivo sem fio, e se move através dos círculos concêntricos dos dentes da engrenagem que compõem a cassete.

A mudança de marcha é realizada por um atuador, escondido dentro do eixo de transmissão, e alimentado por uma bateria recarregável. A CeramicSpeed afirma que o sistema pode potencialmente mudar mais rapidamente do que qualquer sistema de transmissão eletrônico convencional acionado por corrente.

Além disso, a empresa montou uma mountain bike Canyon Lux XC com suspensão dianteira e traseira e o Driven instalados, mostrando que tanto as bicicletas speed quanto as bicicletas de off-road podem usufruir do sistema. O mecanismo de transmissão ainda recebeu proteção contra lama e terra.

Apesar do CeramicSpeed ser genuinamente engenhoso e mais sofisticado do que previsto, este mecanismo de transmissão ainda permanece um conceito, e nenhum jornalista independente teve até hoje a chance de testá-lo no mundo real. As questões sobre a flexibilidade, durabilidade e resistência ao desgaste do sistema ainda não foram respondidas.

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