Hamilton venceu dez provas, e Rosberg nove, mas a regularidade durante o campeonato foi decisiva para que o alemão conquistasse o primeiro caneco e se tornasse o 33º campeão mundial de Fórmula 1.
Só que a luta pelo título não foi o único fator de emoção em 2016.
Max Verstappen, após uma temporada pela Scuderia Toro Rosso em 2015, foi para a Red Bull Racing em 2016, para substituir Daniil Kvyat, que foi ocupar o cockpit antes usado pelo holandês.
Em sua primeira prova pela nova equipe, aproveitou-se da batida entre os pilotos da Mercedes e posterior abandono para conquistar sua primeira vitória na carreira.
A disputa pelo título foi cheia de altos e baixos para ambos os pilotos da Mercedes. Lewis Hamilton teve que superar a perda de terreno para Nico Rosberg no início do campeonato, em razão de problemas com a embreagem, ERS e câmbio.
Ninguém imaginava que o clima entre Lewis e Nico não poderia piorar... até o incidente da primeira volta do Grande Prêmio da Espanha, onde os dois pilotos colidiram e abandonaram a prova.
Lewis largou mal, deixando Nico tomar a ponta. Só que o carro do alemão estava com o modo de entrega de performance de motor configurado erroneamente, fazendo com que o inglês, com mais velocidade, tentasse, ainda que num espaço muito estreito tentar a ultrapassagem na curva quatro.
Só que Rosberg, legalmente, fechou a porta para proteger a posição. Hamilton teve que sair da pista, e sem aderência, não conseguiu frear, provocando a colisão entre ambos.
Com o abandono dos carros da Mercedes, a frente ficou livre para Max Verstappen, um novato que pilotou como um veterano, e segurou os ímpetos de Kimi Raikkonen para conquistar sua primeira vitória na carreira, logo na primeira corrida pela Red Bull, e se tornar o mais jovem a vencer um Grande Prêmio na história da Fórmula 1.
A reviravolta de Lewis Hamilton começou em Mônaco. Debaixo de chuva, triunfou em primeiro, graças à uma trapalhada da Red Bull, que chamou Daniel Ricciardo para um pit stop na hora errada e tirar do piloto uma vitória quase certa, e viu Nico Rosberg se complicar e chegar apenas em sétimo.
Vencendo mais uma vez, no Canadá, Hamilton diminui sua diferença para Rosberg, e a pontuação então era 116 para o alemão e 107 para o inglês. Só que um erro de gerenciamento de motor na qualificação para a etapa de Baku, no Azerbaijão, deixou Lewis Hamilton em quinto lugar no grid, e Nico Rosberg venceu lá, tomando novamente as rédeas da situação.
Na Áustria, mais atrito entre os dois pilotos da Mercedes. Literalmente, saiu faísca. Na última volta, Lewis Hamilton tenta o ataque para cima de Nico Rosberg, que se defende de forma controversa. Ambos se tocam. Lewis toma a ponta, e Nico leva a pior, perdendo a asa dianteira, e recebendo uma penalização por causar a colisão.
A tabela de pontuação marcava 153 para Rosberg e 142 para Hamilton. No estilo conhecido pelos fãs como "Hammertime", Lewis vence na Inglaterra, Hungria e Alemanha, e ostentando então 217 pontos contra 198 de Nico.
Só que as coisas voltam a ficar difíceis para o líder do campeonato. Lewis Hamilton sofre diversas punições por troca total de motor e ERS, para que possa chegar em condições para o fim do campeonato. Foi a vez de Nico Rosberg vencer três provas seguidas novamente, na Bégica, Itália e Cingapura.
A prova da Malásia foi ruim para ambos os pilotos da Mercedes. Nico Rosberg foi tocado por Sebastian Vettel na primeira curva, e teve que voltar atrás do pelotão. Lewis Hamilton dispara na liderança, e lá permanece até a 41ª volta.
O motor do carro do inglês estoura, impactando seriamente as chances de título do piloto. Daniel Ricciardo vence a prova, seguido de Max Verstappen e Nico Rosberg.
A vitória do alemão em Suzuka deixou o caminho mais fácil para a sua primeira conquista de título. Com 313 pontos conquistados, 33 a mais que o inglês, nas quatro últimas provas, precisaria chegar em segundo em três delas e em terceiro na restante para levar o caneco.
E foi com o regulamento dentro do cockpit que Nico Rosberg disputou o restante do campeonato. Nos Estados Unidos, no México, no Brasil e em Abu Dhabi, Lewis Hamilton venceu, mas sempre com Nico Rosberg enchendo seus retrovisores.
Assim, com quatro segundos lugares, Nico Rosberg conquistou seu primeiro título na Fórmula 1, 34 anos depois de seu pai, Keke. Feito idêntico ao de Damon Hill, que, em 1996, conquistou seu primeiro campeonato mundial, e se tornou também um filho de campeão a conquistar seu caneco, exatamente 34 anos após seu pai, Graham.
Então, a declaração que pegou todos de surpresa: durante o FIA Gala Prize Giving, cinco dias após o final da temporada 2016 da Fórmula 1, Nico Rosberg recebeu o troféu e imediatamente anunciou sua saída, com apenas 31 de idade, depois de dez anos na categoria.
Todos viram na Espanha que a troca de carros entre Daniil Kvyat e Max Verstappen foi uma decisão certeira da Red Bull. Max Verstappen logo venceu a primeira corrida na carreira, e conseguiu ser algumas vezes mais rápido que Daniel Ricciardo nas qualificações, mas nas corridas quem doutrinou foi o australiano.
A Ferrari teve que mudar muitas coisas em seus carros para obter uma performance ao menos razoável. Poderia até ter vencido na Austrália. Só que a saída de James Allison da equipe, por causa da doença e posterior morte de sua esposa Rebecca, que contraiu meningite, contribuiu para a estagnação da evolução dos carros.
A evolução da Force India ao longo dos anos teve seu ápice em 2016, terminando em quarto lugar no campeonato de construtores, superando a Williams.
A McLaren e a Honda conseguiram evoluir seus motores, permitindo que Fernando Alonso e Jenson Button conseguissem disputar posições intermediárias, pontuando o suficiente para chegar em sexto na disputa entre equipes.
Stoffel Vandoorne, piloto reserva da McLaren, também colaborou, ao terminar a prova do Bahrein em décimo, substituindo Fernando Alonso, que estava se recuperando do espetacular acidente que sofreu na prova de abertura do campeonato, na Austrália.
O Toro Rosso STR11 prometia ser um dos melhores carros do grid, mas sofreu com problemas de confiabilidade e a menor performance da versão 2015 do motor Ferrari, mas não evitou que Carlos Sainz continuasse a impressionar e Daniil Kvyat voltasse a recuperar sua confiança.
A estreia de Gene Haas na Fórmula 1 não poderia ser melhor. Romain Grosjean conquistou logo na prova de abertura um sexto lugar, depois, um quinto lugar no Bahrein e um oitavo na Rússia. Conquistou um total de 29 pontos e a oitava posição no campeonato de construtores.
A volta da Renault como equipe satélite depois de 2009 não foi fácil. O retornante Kevin Magnussen e o iniciante Jolyon Palmer tiveram que se virar com uma versão do Lotus E23 com o motor da marca francesa ao invés do Mercedes, terminando 2016 com a nona posição.
A Sauber lutou o ano todo pela sobrevivência. No final, os dois pontos conquistados por Felipe Nasr no Brasil o salvaram da lanterna, deixando a última posição para a Manor, que obteve apenas um ponto, trazido por Pascal Wehrlein da Áustria.
A introdução de um terceiro composto de pneus pela Pirelli, o ultra-macio, representado pela cor púrpura, possibilitou às equipes traçarem estratégias mais diferenciadas.
Só que o sistema de "nocaute" na classificação para a corrida, criado pela Fórmula 1, não agradou a ninguém, e foi descontinuado após a segunda corrida.
Em 2015, Nico Rosberg venceu as últimas três etapas, mas não levou o título. Em 2016, viu-se a mesma cena, mas com papéis invertidos.
A temporada 2016 também foi marcada pelas penduradas de capacete: Felipe Massa, Jenson Button, e o surpreendente Nico Rosberg, cinco dias após conquistar seu primeiro, e agora único, campeonato mundial de Fórmula 1. De dentro dos boxes, sai Ron Dennis do comando da McLaren.
Mesmo conquistando três vitórias, a Ferrari decaiu em desempenho ao longo do ano, a ponto de ficar atrás não só da Mercedes, mas também da Red Bull, que melhorou e promete ser uma ameaça às "flechas de prata da era moderna".
A temporada 2016 foi a mais movimentada da história da Fórmula 1. Foram 21 Grandes Prêmios, com a estreia do circuito de rua de alta velocidade de Baku, capital do Azerbaijão.
A compra dos direitos comerciais da Fórmula 1 pela Liberty Media promete potenciais mudanças para a categoria já em 2017, e gera pensamentos positivos para os fãs.
Quem recebeu grande destaque não estava dentro das pistas, mas tinha grande influência sobre o que acontecia nas corridas. Charlie Whiting teve que clarificar sobre o que era ou não permitido como defesa aceitável de posição.
O estilo de pilotagem Max Verstappen foi o grande responsável pela intervenção de Charlie Whiting. Ao mesmo tempo que provocou a ira de alguns pilotos (lê-se Lewis Hamilton e Sebastian Vettel), o holandês também ganhou uma legião de admiradores, fato corroborado pela nova adição da Fórmula 1 em 2016, a eleição online do Piloto do Dia, sempre após o final de cada Grande Prêmio, ao ser o mais votado em oito deles.
A temporada 2016 foi inesquecível em muitos aspectos. E 2017 promete ser ainda mais. Mudanças de regulamento, como pneus mais largos e aerodinâmica reforçada, prometem carros mais rápidos e várias incógnitas sobre quais equipes serão as melhores.
Entretanto, uma coisa é certa: o piloto campeão de 2017 não será o mesmo de 2016!
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