Problemas na educação causam falta de profissionais no setor tecnológico

Muitos alunos abandonam o curso porque não conseguem acompanhar matérias como matemática, lógica, química e física. Além disso, currículos escolares não acompanham a velocidade tecnológica, causando uma defasagem.

Um estudo realizado por empresas do setor de tecnologia mostrou os motivos da falta de profissionais em uma área em que haveria emprego para todo mundo. O problema está, mais uma vez, na educação: antes, durante e depois da universidade.

Os profissionais de tecnologia da informação, ou TI, são responsáveis pelo desenvolvimento e pela manutenção dos sistemas de computador das empresas. A carreira envolve cursos da área de informática, como ciências e engenharia da computação.

Um estudo da associação brasileira das empresas do setor mostra que 82% dos alunos de TI abandonam o curso. O estudante Jorge Rodrigues parou no primeiro ano: "Encontrei matérias, como matemática, lógica, programação, que são realmente matérias dificílimas", conta.

"A gente sente dificuldade do aluno acompanhar isso quando vem do Ensino Médio", explica Sandro Rigo, coordenador do curso de TI da Unicamp.

Mais de 80 mil estudantes concluem os cursos de educação em tecnologia no Brasil todos os anos, mas muitos não chegam ao mercado de trabalho.

"A tecnologia avança em uma velocidade grande e os currículos escolares não acompanham essa velocidade tecnológica", diz Sérgio Sgobbi, diretor da Associação de Empresas de TI.

Pelos cálculos do setor sobram 92 mil vagas nessa área em todo país, número que pode dobrar até 2013. Uma unidade de uma multinacional no interior de São Paulo perdeu contratos por falta de mão de obra qualificada. Os clientes foram atendidos por filiais da empresa em outros países, como a Índia por exemplo.

De cada 10 candidatos a uma vaga, apenas dois são aprovados. A maioria é eliminada no teste de idioma: a prova de inglês. "Você está aqui do Brasil prestando serviço pra qualquer parte do mundo. Então, a fluência no inglês é extremamente importante para você atender esse cliente", explica o gerente de parcerias educacionais Edson Luiz Pereira.

A empresa tem 250 vagas não preenchidas no país. Contrata recém-formados, dá treinamento e curso avançado de inglês, mas não consegue contratar.

Outra companhia busca trabalhadores no exterior, como André, que estava na Holanda: "Devido ao crescimento econômico do país, a remuneração do profissional de TI está equivalente a trabalhar em países da Europa, por exemplo", explica o consultor de inteligência de negócios, André Cesta.

A empresa também paga um bônus de R$ 400 para o funcionário que indicar um bom profissional. Para ganhar a recompensa, Taís trouxe a amiga Patrícia: "Eu estou pedindo para ela rachar comigo, meio a meio. Vamos ver", brinca Patrícia.

Jornal Nacional

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