Por que sobram vagas e faltam candidatos qualificados em TI?

Não é de hoje que se fala que o mercado brasileiro de TI está carente de bons profissionais. Pessoas com formação acadêmica, contudo, não conseguem boas colocações e muitas até desistem da área. O que está errado?

Uma pesquisa de outubro deste ano, divulgada pela Você S/A e realizada pela H2R, mostra que a falta de habilidade técnica é o principal problema para que o candidato consiga um emprego, especialmente na área de TI. Segundo a pesquisa, 57% das empresas qualificam a habilidade técnica como a mais importante característica desejável do candidato. Em segundo lugar está a formação acadêmica (23%), seguida pela disputa de talentos (19%), idiomas (12%) e habilidades comportamentais (11%).

Inicialmente, temos que considerar que o mercado brasileiro de TI tem crescido nos últimos anos a taxas superiores às da economia. Como há escassez de profissionais qualificados, cada vez fica mais difícil contratar os especialistas. E as empresas vão aumentando a quantidade de vagas abertas, sem profissionais qualificados para preenchê-las.

Por qual motivo isso acontece? A carreira de TI nem sempre é a primeira escolha dos estudantes universitários. Muitos confundem o profissional de TI com os "nerds" que não possuem vida social e só pensam e vivem em função dos computadores. Isso é um grande engano. Claro que há áreas e setores em que os "nerds" são necessários, mas isso acontece muito mais no exterior do que no Brasil. Aqui as empresas precisam de profissionais que saibam analisar sistemas, programar, gerenciar redes de computadores e banco de dados. Precisam de profissionais que entendam de negócio e saibam aplicar o conhecimento técnico na solução de problemas. Poucas empresas se dedicam a "criar" novas tecnologias - ambiente natural onde o "nerd" se desenvolve.

Muitas das melhores universidades brasileiras na área de TI, porém, se dedicam a formar "nerds". E muitos dos que se aventuram na área pensam que somente estes cursos darão a formação necessária para se entrar no mercado de trabalho.

Miopia de ambos os lados. Cursos mais rápidos, mais diretos e com foco no mercado de trabalho existem. São os cursos superiores de tecnologia, que propõem formar um profissional preparado para atuar em segmentos específicos na área de TI. E, por serem especializados, terão a habilidade necessária e requisitada pelas 57% das empresas pesquisadas. A mesma reportagem da Você S/A indica a necessidade de "Engenheiros Tecnólogos", ou seja, profissionais que ponham a mão na massa. Afinal, não adianta ter muitos caciques e quase nenhum índio... Ao optar por um curso de Engenharia, o aluno faz um curso mais longo, demora para entrar no mercado de trabalho e, depois que entra (se entrar), terá que se especializar para dar resultado à empresa.

Enquanto as universidades não formarem profissionais para as vagas em aberto no Brasil, este panorama continuará igual. Enquanto as empresas, por sua vez, não perderem o preconceito de contratar tecnólogos, continuarão recebendo alunos com habilidade aquém da necessária para cumprir seus contratos e os inúmeros postos de trabalho continuarão em aberto.

iMasters

Postar um comentário