Como Soichiro Honda conseguiu pintar seus carros de vermelho, mesmo sendo isso proibido por lei no Japão

Honda S500
Signature Red e Championship White são as primeiras cores a serem lembradas pelos entusiastas da Honda. Talvez o famoso tom de vermelho da marca japonesa seja mais icônico que o de branco, devido à história por trás do surgimento dele.

Soichiro Honda sempre quis ter um carro vermelho. Entretanto, no Japão, isto era um crime. Até que a persistência do fundador da marca fez com que o governo mudasse de opinião.

Da simplicidade dos primeiros carros de Fórmula 1 ao carmesim desafiador da Ferrari escolhido para a estreia do NSX, a pintura vermelha e branca da Honda Racing está ligada à identidade da marca. Portanto, pode ser uma surpresa descobrir que, quando Soichiro Honda escolheu um vermelho brilhante para o protótipo S360, houve problemas, já que carros vermelhos eram ilegais no Japão.

De acordo com a lei de trânsito japonesa no início dos anos 1960, as cores vermelha e branca eram reservadas para veículos de emergência. Enquanto veículos do Corpo de Bombeiros e ambulâncias podiam usar tais cores, os carros vendidos a civis não. O governo temia que veículos não-oficiais pintados de vermelho ou branco poderiam confundir a população, que estava iniciando sua familiarização com o automóvel.

No período pós-guerra, a influência e controle do governo japonês sobre a indústria automobilística era enorme. Dezenas de fabricantes de carros, motocicletas e caminhões surgiram após a Honda. Para favorecer a coesão nacional em detrimento da concorrência interna, o governo do Japão pressionou as empresas maiores para que assumissem o controle das menores.

A Nissan adquiriu a Prince e obteve o modelo Skyline. A Toyota agregou a Hino e ficou com a Hilux. A Honda era uma empresa pequena e fragmentada, mas a expectativa era que ela crescesse. Ela começou como fabricante de ciclomotores, usando motores de 50 cc, derivados de geradores de energia para rádios que eram usados na guerra.
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Em uma década, cresceu tão rápido que se tornou o maior fabricante mundial de motocicletas, título que tem desfrutado desde então. O vermelho já estava associado à marca pelos seus motores e maquinaria, e a Honda queria o seu primeiro automóvel de passageiros na mesma tonalidade.

Soichiro publicou uma coluna inteira no Asahi Shimbun, um dos principais jornais do Japão, para reclamar da restrição. "O vermelho é uma cor básica do design, como eles podem proibi-lo por lei?", argumentou. Ao mesmo tempo, a Honda enviou seu principal executivo ao Ministério dos Transportes, para obter permissão para usar a cor vermelha. Desta vez, com um pouco mais de diplomacia. A pressão funcionou, o governo recuou e a Honda lançou o S500 como o primeiro carro de produção japonês na cor vermelha.

O S500 deu origem à toda uma onda de veículos da Honda nas cores vermelha e branca, a ponto dos motociclistas apelidarem a marca de "Big Red". A empresa adotou oficialmente o Honda Red como sua cor corporativa em 2001 e, como parte das comemorações do 75º aniversário, lançou um lápis especial da mesma cor.

Se você dirige um Honda vermelho, orgulhe-se disso, pois Soichiro lutou muito pelo direito de usar esta tonalidade. De certa forma, o vermelho é a sua assinatura pessoal.

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